por João Gabriel | Folhapress
Ex-presidente do São Paulo é investigado | Foto: Divulgação / São Paulo
O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu nesta quarta-feira (20) um pedido de abertura de força-tarefa para investigar lavagem de dinheiro "no âmbito dos clubes, empresas e pessoas" do futebol brasileiro.
A requisição foi feita por um conselheiro do São Paulo, Newton Ferreira, conhecido como Newton Chapéu, e seu advogado Carlos Petrelluzzi, em reunião com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Pontel de Souza, na sede do órgão, em Brasília.
O documento foi protocolado e, na própria quarta, também enviado ao gabinete do ministro Sergio Moro, conforme confirmou à reportagem a assessoria da pasta.
O pedido tem como base uma ação do Ministério Público do Estado de São Paulo, que em 2016 determinou a instauração de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal) junto ao GEDEC (Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos) para investigar irregularidades referentes à gestão Carlos Miguel Aidar, ex-presidente do São Paulo, que renunciou ao cargo no final de 2015 após uma sequência de escândalos envolvendo seu nome.
Na época, Aidar foi acusado pelo seu então vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, de oferecer comissão indevida em transações de jogadores, além de ter envolvimento na compra superfaturada do zagueiro Iago Maidana pelo São Paulo por R$ 2 milhões em 2015, e que envolveu a participação de investidores, prática proibida pela CBF.
O então jogador do Criciúma foi comprado pela empresa Itaquerão Soccer por R$ 800 mil (segundo o clube catarinense, o valor seria R$ 400 mil), que o registrou no Monte Cristo, que disputava a terceira divisão goiana. Depois, Maidana teve 60% dos seus direitos econômicos vendidos ao São Paulo por R$ 2 milhões.
Ataíde chegou a gravar uma conversa privada entre os dois para basear suas denúncias. O clube foi multado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
O requerimento (que cita especificamente a transação de Maidana e a conversa gravada) salienta que "episódios como os aqui mencionados continuam a suceder" no futebol brasileiro.
Além disso, o pedido cita a falta de resultados por parte do MP-SP, da qual se esperava uma "investigação larga" não só no São Paulo, mas em geral. A investigação é sigilosa.
Newton é um dos líderes do grupo político Tradição, composto por 35 conselheiros e que faz parte da oposição à atual gestão, do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva.
O documento protocolado nesta quarta, ao qual foram anexadas cópias do procedimento corrente no MP-SP, pede a promoção "de uma ampla investigação sobre a lavagem de dinheiro no futebol brasileiro".
A defesa de Carlos Miguel Aidar, por meio de seu advogado José Luis Oliveira Lima, disse que não teve acesso a tal requerimento e que, no tocante ao processo corrente no MP-SP, "não há absolutamente nada que desabone a atuação de Carlos Miguel Aidar à frente da presidência".
Nenhum comentário:
Postar um comentário