por Estela Marques**Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a reeleição da presidente Dilma Rousseff foi um "desastre" e que não dependia dele tirar da petista a chance de se reeleger, após sucedê-lo no cargo em 2010. Durante entrevista ao radialista Mário Kértesz na manhã desta quinta-feira (15), Lula contou que deixou para Dilma ser presidente plena, o que desencadeou resultados positivos até 2013. "Dilma nunca me procurou para conversar sucessão. Partia do princípio que ela tinha direito de sair candidata, achei que não deveria me meter. Ela tinha direito de ser candidata, foi candidata, se reelegeu. O segundo mandato foi desastre para nós do PT e para o Brasil", avaliou o ex-presidente, que atribuiu à Rede Globo e à campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) a disseminação do ódio, após perder as eleições de 2014. Apesar de reconhecer as "deficiências políticas" de Dilma, Lula afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também passou por crise semelhante àquela sofrida pela petista e o diferencial para superar o momento estava no Congresso. Na ocasião do mandato de FHC, o atual presidente Michel Temer comandava a Câmara dos Deputados e colocou em votação reformas enviadas pelo Executivo. Dilma, por sua vez, tinha o deputado Eduardo Cunha no cargo, que trabalhava contra o seu governo. "Se Temer favoreceu FHC, Cunha trabalhou para desfavorecer Dilma", disse Lula, que exemplificou o que dizia: quando a presidente mandava projetos, Cunha lançava pautas-bomba que travavam qualquer votação. Até que em 2015 o Planalto mandou uma Medida Provisória que revia a política de desoneração, mas foi devolvida sem nem mesmo ser discutida pelo plenário. "Já estava dentro do Congresso Nacional quase um pensamento único para não deixar o PT governar o país. Quando elegeu [Fernando] Haddad em São Paulo, levou alerta para a elite brasileira: esse PT vai governar por muito tempo. Se ganhou do [José] Serra em São Paulo, Dilma reelegeu e Lula volta...", especulou o ex-presidente, que disse ser aquela pessoa que viverá 120 anos para "infernizar" a vida da elite e fazer com que o povo melhore de vida. E os planos de Lula incluem não ser preso pela Justiça, depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região o condenou no caso do tríplex do Guarujá. Segundo o petista, só é preso quem comete crimes, e isso ele não fez. "Alguém vai ter que dizer qual o crime que eu cometi. Tenho certeza que não vou ser preso por conta disso. Não tem crime. Se provarem, eu me apresento. Se eu não tiver cometido crime, alguém vai ter que pedir desculpas ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva e a seus familiares, porque eles sabem que são responsáveis pelo AVC da dona Marisa Letícia", reforçou, em referência à morte da sua esposa no ano passado. Durante entrevista ao radialista, Lula ainda elogiou a gestão do governador Rui Costa e defendeu o ex-governador Jaques Wagner, apontado como beneficiário de propina oriunda das obras de construção da Arena Fonte Nova, em Salvador. O ex-presidente sugeriu que a delegada responsável pela investigação seja, por sua vez, investigada pelos seus superiores. "As pessoas não podem brincar com a biografia", criticou.
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