por Fernando Duarte**Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
Foi uma boa jogada do grupo político do prefeito ACM Neto (DEM) se aproximar do PP no plano nacional. A sacada, conduzida pelo vice-prefeito Bruno Reis (PMDB), pode desestabilizar a aliança entre os progressistas e Rui Costa, com a possibilidade de ascensão do vice-governador João Leão para o Ministério da Saúde. Cotado para permanecer no posto de vice, Leão é o principal entrave para o PP mudar de lado na disputa eleitoral baiana de 2018. O partido já havia condicionado a articulação nacional à participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, porém a condenação do petista em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região praticamente o retirou da disputa. Sem Lula, o PP estaria livre para se aproximar de aliados como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pré-candidato do DEM à presidência da República e entusiasta de um palanque competitivo na Bahia com ACM Neto candidato ao governo. O convite para Leão assumir um ministério passa também por essas conversas. Com aval do presidente Michel Temer, o PP levaria Leão para a Esplanada dos Ministério e ficaria livre para manter as aproximações com ACM Neto na Bahia. É uma operação complexa, mas também lógica. Gerir o Ministério da Saúde, pasta com um dos maiores orçamentos disponíveis na União, permitiria ao PP baiano controlar uma das principais formas de aproximar políticos das bases eleitorais. A cada benesse disponibilizada pelo governo federal, maior a chance de um candidato obter êxito nas urnas, o que possibilita que os progressistas mantenham a expansão vivenciada nos últimos anos em território baiano. E um eventual rompimento com o governo do estado não precisaria ser explícito desde a posse – a expectativa é que Leão assuma o posto antes de 7 de abril, data-limite para Ricardo Barros deixar a pasta. A simples dúvida sobre a permanência do PP na base de Rui poderia provocar um estrago expressivo na coesão do grupo, ainda que não venha ser confirmada posteriormente. Isso já é o bastante para que o grupo de ACM Neto consiga desestabilizar um pouco mais o projeto de reeleição de Rui, que acabou estremecido após uma operação da Polícia Federal colocar Jaques Wagner, ex-governador e candidato ao Senado, como indiciado por desvios de recursos para bancar campanhas do PT em 2014. O PP, mesmo que negue, voltou a namorar com ACM Neto, tendo Bruno Reis como principal “alcoviteira”. O vice, inclusive, estaria disposto a se filiar ao PP para garantir a relação, o que deixaria de herança para os progressistas algo bem mais valioso do que oito meses no Ministério da Saúde: quase três anos controlando a prefeitura de Salvador. Este texto integra o comentário desta segunda-feira (5) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior FM, Clube FM e Irecê Líder FM.
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