por Fernando Duarte
Um dia antes de ter a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de ataques com ovos durante pronunciamento em São Miguel do Oeste (SC). Para evitar que o ex-presidente fosse atingido, assessores portavam guarda-chuvas, enquanto Lula ironizava aqueles que utilizavam os ovos como críticas – aqui fico restrito aos ataques com ovos, já que o grau de incivilidade do uso de pedras está aquém da minha capacidade de compreensão. Não foi a primeira vez que o petista foi recebido por manifestantes contrários a ele durante a caravana iniciada no Rio Grande do Sul na última semana. Lula, inclusive, é um político experimentado a ponto de lidar bem com a forma diferente de ser “ovacionado” (desculpem, mas o trocadilho é impossível de não ser feito). Pois bem. Quando Lula é quase atingido por ovos, parcela expressiva dos apoiadores do ex-presidente trata o ato como um atentado à democracia e à liberdade política, no momento em que Lula está em franca campanha ao Palácio do Planalto, ainda que seja considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Isso para não entrar no mérito da condenação mantida pelo TRF-4, que o colocaria na prisão caso não houvesse um salvo-conduto do Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, quando em agosto de 2017 o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi atacado por ovos em um protesto na frente da Câmara de Vereadores de Salvador, a postura da militância de esquerda foi bem diferente. Não publicamente, vereadores de oposição a ACM Neto chegaram a comemorar o ovo que atingiu a cabeça do prefeito “mauricinho” paulista – e que sequer moveu um fio de cabelo petrificado por gel. À época, o prefeito de Salvador chegou a acusar a militância ligada ao governador Rui Costa (PT) pelo ato do Paço Municipal, naquela “trocação gostosa” – obrigado Holyfield por incluir essa expressão no nosso vocabulário – de acusações bem mesquinha da política baiana. Qual é a diferença entre os ovos de Lula e João Doria? Nenhuma. Fora terem sido uma patética forma de protesto – tal qual arremessar tomates em atos contra ministros do STF, como aconteceu recentemente com Gilmar Mendes. Jogar coisas contra as pessoas é, no mínimo, uma falta de educação que não cabe na maturidade do processo político brasileira. Infelizmente, não há muita maturidade quando se trata política como um Ba-Vi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário