Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Em meio a um apagão na Bahia, infelizmente não foi possível acompanhar “ao vivo” a discussão entre os ministros Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso, no Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, ao retomar a energia, foi possível ver a troca de afagos na Suprema Corte brasileira que, segundo frequentadores mais antigos, não foi vista ao menos nos últimos 20 anos. Barroso, depois de tomar as dores com mais um mise-en-scène de Gilmar, partiu para o ataque: “Vossa Excelência envergonha o tribunal”. Para Gilmar Mendes foi um acinte. Para o deleite daqueles que há tempos gostariam de ver a cara do ministro ao ouvir uma crítica tão áspera, foi um momento quase sublime. Não que Barroso seja um exemplo de galhardia. Assim como todos, ele está sujeito a críticas e, no mundo jurídico, não são poucos aqueles que reclamam que ele por vezes confunda o papel do STF com o do Poder Legislativo. Não vem ao caso entrar no mérito do que ele é ou do papel que desempenha até então na Suprema Corte. O que valeu na tarde de ontem, quando a presidente Cármen Lúcia cedeu a pressão para pautar o julgamento do habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram os petardos disparados entre os pares. Além de explicitar que as posturas de Gilmar envergonham a Corte, Barroso ressaltou que há “pitadas de psicopatia” na postura do colega. Em um local onde os egos inflados podem encher balões e mais balões, é uma surpresa quando ministros perdem as estribeiras e trocam farpas como as vistas em sessão plenária. Diante do alto nível de tensão, Cármen Lúcia foi obrigada a encerrar a pauta mais cedo. Deu tempo de Gilmar rebater Barroso, insinuando ser ele dono de um escritório de advocacia – como se não se falassem em Brasília que o próprio Gilmar também corrobora com bancas do Direito privado. Mesmo com todo esse contexto e senões, o dia vai ser memorável. Afinal, precisamos dar a Barroso o que é de Barroso. Obrigado! Vossa Excelência lavou nossas almas. por Fernando Duarte / BN
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