por Fernando Duarte**Foto: Mateus Pereira/GOV-BA/BN
A maturidade do governador da Bahia, Rui Costa, ao sinalizar a necessidade de discutir uma saída para o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poder se candidatar em 2018, deveria também chegar a outros quadros da legenda. Depois de insistir por muito tempo na tese de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe, o PT partiu para uma estratégia igualmente errática ao repetir inúmeras vezes que o ex-presidente é vítima de uma conspiração entre os poderosos e o Judiciário. Apesar de reforçar a estratagema do mártir – que alguns já começam a comparar até com Nelson Mandela na África do Sul, símbolo da luta contra o apartheid racial –, a ideia apenas dialoga com simpatizantes de Lula, do PT e da esquerda, enquanto uma parcela expressiva da população aponta um caminho em direção ao conservadorismo e à direita. Não que esses nichos estejam corretos. Discordo diametralmente daqueles que acreditam que o deputado Jair Bolsonaro seja uma solução adequada para os problemas brasileiros. Entretanto, é preciso dialogar também com esse setor social e, ao partir do pressuposto que Lula é insubstituível, o PT desiste de construir uma ponte, algo tão importante para o sistema democrático, muitas vezes defendido de maneira enviesada por representantes do partido. Lula pode ser preso a partir do julgamento dos embargos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região – se o Supremo Tribunal Federal não julgar o pedido de habeas corpus preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente. Mesmo que o “mártir” petista esteja solto, o registro da candidatura dele só acontecerá sub judice, no contexto em que a Lei da Ficha Limpa impede candidatos condenados por órgãos colegiados. Lula não pode ser candidato a presidente em 2018, conforme preconiza a atual legislação brasileira. Ainda que discutível no âmbito jurídico, insistir na tese de candidatura de Lula sem analisar alternativas reforça um abismo político entre “nós” e “eles” e deixa espaço para aventureiros crescerem na corrida eleitoral – algo que ninguém em sã consciência deveria querer. Não parece ser o posicionamento de uma grande parte do Partido dos Trabalhadores. Como disse Gleisi Hoffmann, presidente nacional da legenda, a posição do governador baiano de começar a debater um plano alternativo a Lula o deixaria isolado no agrupamento. Não deveria. Entre tantas declarações repetitivas e nonsense de correligionários, Rui foi bem maduro. Tomara que mantenha o padrão também nas questões políticas locais.
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