Pesquisadores do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos desenvolveram um sensor capaz de identificar, através de uma falha no DNA, se a pessoa tem a predisposição para hipertensão arterial. O sistema, composto por um chip, é descartável, considerado de baixo custo e capaz de diagnosticar a condição em meia hora. Segundo os pesquisadores, o próximo passo é buscar na iniciativa privada interessados em comercializarem a invenção.
O teste começa com a coleta de material genético, por meio de sangue, saliva ou cabelo. Depois de separada, a amostra é colocada em contato com o chip, onde o DNA vai ser avaliado. Segundo o professor Valtencir Zucolotto, orientador da pesquisa, o sistema busca anomalias ao analisar um gene da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina), que desempenha um papel importante na regulação da pressão arterial. "Isso tudo já era conhecido pela comunidade científica e, com base nisso, construímos esse genossensor, que é inédito", conta Zucolotto.
Atualmente, de acordo com o professor, os únicos métodos de avaliação da doença são as técnicas de PCR (Proteína C Reativa), que analisam, através de exame de sangue, essa proteína, produzida no fígado. O exame indica possíveis alterações de pressão e doenças cardíacas, mas é genérica e tem custo maior, já que exige equipamentos de grande porte e de alto custo.
"A grande vantagem do sistema desenvolvido pela nossa pesquisa é possibilitar métodos de análise mais acessíveis e relativamente mais rápidos", conta Thalita Rolim, responsável pela pesquisa de mestrado que levou ao desenvolvimento do sensor. Ainda segundo ela, o genossensor é descartável, de baixo custo e de fácil aplicação. "Além disso, ele pode colaborar muito com a medicina preventiva, ajudando quem tem predisposição a cuidar do problema antes que ele se manifeste de forma mais grave".
A hipertensão
A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma doença crônica causada pelo aumento da pressão sanguínea nas artérias. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 35% da população brasileira acima de 40 anos tem pressão alta, o que representa 17 milhões de pessoas. Além disso, o Ministério da Saúde estima que 15 milhões de indivíduos são hipertensos, mas desconhecem que têm a doença.
De acordo com o cardiologista Miguel Liporoni, se o sensor chegar ao mercado haverá um ganho para a medicina preventiva. "Detectar uma predisposição para o desenvolvimento do quadro de hipertensão pode fazer com que os cuidados sejam antecipados, o que se traduz em melhorias na qualidade de vida do paciente", avalia.
O próximo passo, segundo Zucolotto, é buscar interessados na iniciativa privada que possam realizar a industrialização e comercialização do produto. "Já apresentamos a pesquisa em congressos e publicações científicas. Daqui para frente, o que esperamos é, com a ajuda da Agência USP de Inovação, levar essa tecnologia para o setor privado interessado. Podemos trabalhar junto com alguma empresa e, em alguns anos, esse produto pode estar ao alcance da classe médica", disse. Fonte: Com informações da Uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário