>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana:
Na manhã da quarta-feira, dia 13, quatro integrantes da Rede Sustentabilidade se reuniam – com a TV ligada – no apartamento de Marina Silva, em São Paulo. Discutiam-se os rumos da campanha – sem saber que eles, os rumos, mudariam radicalmente em instantes. O noticiário da televisão dava conta de um desastre aéreo em Santos. Apreensão. Era lá que o candidato do PSB, Eduardo Campos, pousaria naquela manhã para um compromisso de campanha. A televisão anunciou que era um acidente de helicóptero. Alívio. Campos e sua comitiva estavam num jatinho. Segundos mais tarde, a correção. Era mesmo um avião. Apreensão. Que logo se transformou em desespero, quando, por volta das 12h30, confirmou-se que se tratava do modelo Cessna Citation 560 usado por Eduardo e sua comitiva de sete pessoas. Terminava em tragédia o sonho de um dos mais promissores políticos brasileiros. Inconformada, Marina chorou. Chorou muito. Baixou então a cabeça e, concentrada num profundo silêncio, rezou por alguns minutos. Só aí murmurou algumas palavras: “Não pode ser verdade, isso não pode ter acontecido”.
Mas aconteceu – e, nos próximos dias, Marina fará uma escolha que afetará todos os brasileiros. Antes de o Cessna cair em Santos, havia dúvidas sobre se a presidente Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno ou se teria de disputar um segundo, provavelmente contra o tucano Aécio Neves. Agora, tudo muda. Se Marina decidir não concorrer, joga a eleição no colo de Dilma, em primeiro turno. Por um motivo simples. Sua coligação não tem nenhum outro candidato capaz de conseguir uma votação expressiva. E, se Marina decidir concorrer – mais provável –, ela tem tudo para embolar a eleição.
Logo depois de saber da morte de Eduardo Campos, o economista Murilo Hidalgo, dono do instituto Paraná Pesquisas, foi a campo fazer um levantamento telefônico com o nome de Marina no lugar de Eduardo. O resultado dá uma dimensão do tamanho da reviravolta que ela pode provocar. Como o levantamento não foi registrado, a Justiça Eleitoral proíbe a divulgação de seus resultados. Eles servem, porém, para balizar o impacto do ingresso de Marina na disputa pelo Planalto. As respostas obtidas pelo Paraná Pesquisas sugerem que haverá segundo turno se Marina entrar. A soma das intenções de voto em Marina e no tucano Aécio Neves é largamente superior ao total obtido pela presidente Dilma Rousseff. Mais: os números tabulados sugerem que Marina entra no jogo em patamares próximos aos que tinha em abril, quando estava na segunda colocação da disputa eleitoral. Tanto a distância dela para Dilma quanto para Aécio ficam dentro da margem de erro desse levantamento. Marina chegaria a esse nível capturando o eleitorado fiel a Eduardo Campos, arregimentando parte do eleitorado até agora contado entre os indecisos e, em menor grau, roubando um quinhão dos votos de Dilma. http://epoca.globo.com/tempo/eleicoes
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