Do UOL, em São Paulo/Michael Duff/AP
Sulaiman Kemokai, 20, está curado do ebola depois de passar 25 dias internado em Kenema, em Serra Leoa. Ainda sim, é rejeitado em sua comunidade
Jovens africanos que sobreviveram ao ebola vivem outro drama pessoal depois da cura: a rejeição social.
Kadiatou Fanta, 26, moradora de Conacri, na Guiné, curada do ebola, atualmente não é bem-vinda na faculdade e nem no trabalho, ficou sem namorado e passa pela negação da própria família, que tem medo de tocá-la.
O vírus ebola matou mais de mil pessoas na Guiné, em Serra Leoa, Libéria e Nigéria, de fevereiro a agosto de 2014, em um surto que passou a ser considerado de emergência internacional pela OMS (Organização Mundial da Saúde), braço da ONU.
Mesmo em posse de um certificado que comprova a sua recuperação, Fanta diz que a pecha de "sobrevivente do ebola está gravada em sua pele".
"O ebola arruinou a minha vida mesmo eu estando curada", diz ela em depoimento à agência AP. "Ninguém quer gastar um minuto [comigo] no meu trabalho por medo de ser contaminado", diz.
Pessoas têm medo do contato físico
Em Serra Leoa, Sulaiman Kemokai, 20, deixou o tratamento de ebola recentemente depois de passar 25 dias internado. Ele ainda sente rigidez nas articulações, mas diz se sentir mais forte a cada dia.
"Quando eu fiquei doente, estava com medo de ir ao hospital, me escondi da minha família e dos profissionais de saúde. Depois de quatro dias, não conseguia mais me esconder, estava muito doente. Uma ambulância me recolheu e me levou para o hospital", afirma.
Mesmo curado, alguns membros de sua comunidade em Kenema (300 km da capital Freetown), ainda estão relutantes em ter contato físico com ele.
Os pacientes são considerados curados quando o vírus instalado em seu corpo deixa de ser contagioso. No entanto, o vírus pode permanecer no sêmen dos homens por até sete semanas.
Dois dos irmãos de Kemokai também sobreviveram ao ebola, mas a mãe deles morreu em decorrência da doença.
O vírus ebola é transmitido através do contato direto com fluídos corporais do doente, como sangue, saliva, urina, suor ou sêmen. Desde os primeiros casos surgidos na Guiné em março, ninguém jamais enfrentou uma doença tão virulenta neste canto da África.
Não há cura do ebola, embora uma vacina esteja sendo testada, mas deve vir a público somente em 2015. O tratamento é basicamente de suporte com remédios para diminuir os sintomas e hidratação na veia.
(Com informações da agência AP)
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