Correio Braziliense - Embalada pelo noticiário econômico e pela expectativa em torno da divulgação de nova pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial, favorável à oposição, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) encerrou ontem pela terceira vez seguida em alta. Com giro financeiro de R$ 6,66 bilhões, o pregão registrou valorização de 0,61%, alcançando 57.983 pontos ao final.
Foi o melhor desempenho dos negócios desde a marca de 58.208 pontos, de 12 de março de 2013. Os destaques do dia foram as ações da Petrobras, da Vale, além dos setores elétrico, bancário e imobiliário. O giro financeiro somou R$ 6,66 bilhões. Os papéis da petroleira registraram alta modesta, mas responderam por quase um quarto de todo o volume negociado no dia.
Os números refletiram, novamente, o otimismo dos investidores com a possibilidade de vitória da oposição. Eles reforçam a aposta na chance de mudanças em estatais,como Petrobras e Eletrobras, com grande peso no mercado acionário e que vêm acumulando resultados financeiros ruins em virtude das intervenções do Planalto em sua gestão. Também pesa o fato de os candidatos rivais da presidente Dilma Rousseff serem vistos como mais amigáveis ao setor privado.
Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Órama, avaliou que a trajetória de alta da bolsa paulista está mesmo relacionada à sucessão de pesquisas de intenção de voto para presidente, apontando uma possibilidade cada vez maior de haver segundo turno. Para ele, também pesou um recuo do temor internacional com as atuais crises localizadas entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Palestina. “Nas últimas 10 sessões, tivemos sete pregões de alta, o que não deixa de ser quase surpreendente diante da situação atual da economia”, observou.
Os estrangeiros também estão ajudando a manter a boa performance na bolsa, tendo eles aplicado R$ 1,5 bilhão apenas em julho, mês considerado fraco em razão das férias de verão no hemisfério norte. Em 2014, o fluxo líquido para ações brasileiras está positivo em R$ 13,7 bilhões. Os juros muito baixos nos Estados Unidos e na Europa levam o investidor de fora a buscar melhor retorno aqui.
Cenário futuro
Apesar da forte alta do índice, de quase 3 mil pontos desde a última quinta-feira, chegando a romper ontem os 58 mil pontos, analistas não descartam a possibilidade de uma realização de lucros no curto prazo. A BM&FBovespa acumula alta de 4,5% nos últimos três pregões, mesmo com as perspectivas cada vez piores para a economia brasileira.
Ontem, o mercado avaliou a divulgação, pelo IBGE, do IPCA-15 de julho, a prévia do índice oficial, com desaceleração para 0,17%, vindo de 0,47%. Com isso, cresceram as expectativas dos investidores de que ocorra um corte do Banco Central (BC) na taxa básica de juros, hoje em 11% ao ano. Outra notícia importante veio dos repasses de recursos federais às distribuidoras de energia.
O dólar fechou em queda ante o real pela terceira vez consecutiva ontem, a exemplo de outros mercados emergentes. O resultado se deveu à divulgação de números de inflação nos EUA alimentarem a impressão de que os juros não devem subir tão cedo na maior economia do mundo. A moeda norte-americana recuou 0,54%, a R$ 2,21, acumulando baixa de 2,08% nos últimos três pregões. Segundo dados da BM&FBovespa, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,5 bilhão.
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