Mais um fracasso em 2013
Brasília - Encerrado o ano de 2013, e fechada a apuração do saldo da balança comercial brasileira, estamos diante de outro fracasso. Com um saldo comercial de 2,56 bilhões de dólares, retrocedemos ao patamar de 2000. Ainda em 2012 produzimos um superávit comercial de 19,4 bilhões de dólares, e o resultado de 2013 é o pior dos últimos treze anos. Os poucos avanços de nossas exportações em 2013 foram pontuais e transitórios, concentrados basicamente na venda soja para a China e de automóveis para a Argentina.
Pela primeira vez temos na China nosso principal mercado de exportações. É para lá que enviamos 19% de nossas exportações totais, e 75% de toda a soja produzida no Brasil. Em 2013 exportamos 41% a mais de soja para a China do que em 2012. Nosso recorde de vendas de soja para a China se deveu, em 2013, à elevação de nossa produção, mas também ao atraso na colheita norte-americana, nossos principais concorrentes em terceiros mercados.
Nos Estados Unidos e na União Europeia perdemos terreno. Os Estados Unidos reduziram em 9,3% suas importações do Brasil; a Europa as reduziu em 3%, sendo que a redução total das importações destes parceiros foi de 0,5 e de 3,7%, respectivamente. Ou seja, se tivéssemos mantido nossa posição relativa com os Estados Unidos teríamos tido apenas uma pequena redução de nossas exportações para aquele país.
Nossa relação com a Argentina, nosso principal parceiro comercial regional, foi marcada por um avanço apenas pontual: um aumento de 55,7% nas vendas de veículos.
O resultado não é bom. Fluxos de comércio muito concentrados em termos setoriais e regionais expõem o país a sérios riscos. Que faremos com a soja, se não tivermos o mercado consumidor chinês? Que faremos com o excedente de produção automotiva sem as vendas para a Argentina?
O sinal que o resultado da balança comercial de 2013 nos dá é claro: é preciso diversificar, tanto setorial quanto regionalmente. Não devemos permitir que um único país ou um único produto tenha um peso excessivamente grande em nossa balança comercial. Além disso, é tarefa do governo gerar as condições necessárias para que a indústria nacional conquiste mercados no exterior, de forma competitiva e consolidada, para que possamos reassumir o papel de destaque que já foi nosso em tempos passados.
Lúcia Vânia é senadora (PSDB-GO) e jornalista. http://aredacao.com.br/artigos
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