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As polícias das ilhas de Jersey e Guernsey, que fazem parte da Coroa Britânica, emitiram um alerta à população local para um potencial esquema de fraude da TelexFree, que é investigada no Brasil por suspeita de pirâmide financeira. Segundo nota publicada no site da polícia de Jersey, o esquema foi detectado na comunidade de habitantes de originários da Ilha da Madeira, de colonização portuguesa.
“A polícia de Jersey sabe que os habitantes têm sido abordados a ‘investir’ no esquema, mas ainda não foram reportadas vítimas de fraude”, informa a nota. As autoridades recomendam que aqueles que tenham colocado dinheiro na TelexFree entrem em contato com a delegacia de crimes financeiros da ilha ou com a sede da polícia. Em Portugal, autoridades também alertaram a população sobre a TelexFree, mas, segundo a TV estatal do país, 16% da população já se tornou “divulgadora” da empresa.
No Brasil, a TelexFree está impedida de operar desde junho do ano passado. Os bens da empresa, estimados em 600 milhões de reais, seguem bloqueados pela Justiça do Acre. Contudo, brasileiros têm sido induzidos a aderir aos pacotes da empresa no exterior, onde suas atividades se mantêm por meio da TelexFree International, à qual a empresa brasileira investigada por formação de pirâmide é filiada. No início deste ano, a TelexFree International fechou um contrato de patrocínio milionário com o Botafogo, que foi criticado por associar a marca do clube a uma empresa suspeita de irregularidades.
Investigação — A operação da TelexFree no Brasil foi bloqueada após uma força-tarefa de Ministérios Públicos apurar irregularidades em inúmeras empresas que praticam o chamado “marketing multinível”, que consiste na remuneração dos vendedores com base não só na venda direta de produtos, mas também na quantidade de novos vendedores que conseguem trazer para a empresa. No caso da TelexFree, os vendedores são chamados de divulgadores.
A empresa alega que comercializa, tanto no Brasil como no exterior, um sistema de telefonia via internet, de tecnologia Voip (Voice Over Internet Protocol). O problema detectado pelo Ministério Público é que a maior parte da receita da empresa não é proveniente da venda de produtos, e sim do fato de os “divulgadores” investirem dinheiro no negócio sem ao menos vender qualquer tipo de plano Voip. Em 2013, o site de VEJA conversou com diversos divulgadores que sequer haviam usado o sistema Voip. Seu trabalho consistia em investir na empresa e passar o dia postando mensagens em sites da internet e redes sociais chamando novas pessoas para aderir à TelexFree. “O dinheiro dos novos entrantes era direcionado para pagar o lucro dos que entraram primeiro, daí o nome de pirâmide. Esse tipo de negócio é insustentável no longo prazo”, explicou o procurador Hélio Telho, do MP de Goiás.
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