Onde estão os pilares da ética e do decoro parlamentar? Ficam nas latrinas, nos aterros sanitários? Não, senhores políticos, independente de posições radicalistas contra um sistema ou ordem jurídica, é imperioso o respeito às instituições, principalmente àquela, o Congresso Nacional, onde o parlamentar exerce o seu mandato graças ao voto recebido do eleitor nacional.
Não podemos acreditar que partidários do deputado petista André Vargas (PR), vice-presidente da Câmara Federal, se solidarizem com o gesto indecoroso e incivilizado do parlamentar que, por ocasião da solenidade de abertura do ano legislativo, diante do ministro do STF, Joaquim Barbosa, por duas vezes e de punho cerrado levantado, repetiu a saudação agressiva e desafiadora dos mensaleiros cassados e presos. E para coroar a grosseria do deputado, ele foi flagrado escrevendo uma mensagem ao interlocutor em que revela a vontade de dar uma “cutuvelada” (sic) no ministro.
Que contribuição negativa de descortesia republicana essa figura insolente prestou ao país com o seu gesto deseducado, mormente aos jovens brasileiros, ao não se comportar de forma democrática e civilizada em uma solenidade no Congresso Nacional. O deputado André Vargas não pode confundir o seu ambiente caseiro de práticas políticas solertes, cavilosas e desbragadas para tisnar o decoro do Parlamento nacional.
Há representante petista de moral elevada, que merece registro. Diferente de André Vargas, José Dirceu, Genoino, João Paulo Cunha, Delúbio Soares etc., o ex-ministro de Lula o gaúcho Olívio Dutra, um dos fundadores do PT, defende o STF e critica a arrecadação de dinheiro para saldar as multas dos mensaleiros presos. Disse Olívio: “Acho que a Justiça deve saber de onde é que vêm os recursos, como é que rapidamente se amealharam esses recursos”. E, reportando-se à condenação dos mensaleiros, ponderou: “Essas pessoas foram julgadas, condenadas e estão presas. É a lei. Eu não tenho conhecimento de que algum deles tenha roubado dinheiro para enriquecimento próprio. Mas a forma como gerenciaram a política, como agiram politicamente... Não são maneiras republicanas.”
Assim, para resguardar a imagem do Congresso Nacional, a conduta do deputado André Vargas, infelizmente, vice-presidente da Câmara Federal, deveria ser apreciada pelo Conselho de Ética para cassação de seu mandato por falta de ética e decoro parlamentar.
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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