Darlan Abrantes foi expulso após publicar livro contra status da PMReprodução/Facebook
Depois de 13 anos de serviços prestados à Polícia Militar do Ceará, o soldado Darlan Menezes Abrantes, de 39 anos, foi expulso da corporação no mês passado. O motivo: a publicação do livro “Militarismo: um Sistema Arcaico de Segurança Pública”, de sua autoria, no qual questiona os aspectos ainda presentes nas PMs de todo o Brasil. A demissão, publicada no dia 17 de janeiro, acontece no ano em que o golpe militar completa 50 anos.
A demissão foi o ponto-final em um caso que começou em 17 de julho de 2012, data em que, segundo a Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança e Sistema Penitenciário do Ceará, Abrantes teria distribuído exemplares do seu livro no refeitório da AESP (Academia Estadual de Segurança Pública). Tal fato levou à abertura de uma investigação dois meses depois. O então PM permaneceu em trabalhos administrativos nesse período, até ser expulso.
Em entrevista ao R7, Abrantes negou a versão apontada pela controladoria, dizendo que distribuiu exemplares sim, mas do lado de fora da academia. Para ele, um formado em filosofia pela UECE (Universidade Estadual do Ceará), a estrutura atual ainda remete ao período da Ditadura Militar, que durou entre 1964 e 1985 no País.
— Infelizmente, a Constituição brasileira parece ter esquecido essa parte: ela continua com a mesma segurança da Ditadura. Esta acabou, mas a nossa segurança é a mesma (...). O militarismo é exatamente como uma frase do Rui Barbosa, que coloquei no livro, e que diz o seguinte: “O militarismo é para o Exército como o fanatismo é para a religião”. Ou seja, o militarismo é uma espécie de filosofia que deixa a pessoa fanática, deixa a pessoa louca.
A vocação por ser policial fez Abrantes entrar para a PM pela primeira vez em 1995. Logo no começo de carreira, segundo ele, muitos policiais mais antigos já falavam sobre o quanto “arcaica” era a estrutura da PM. Isso o fez sair pouco tempo depois, mas a necessidade financeira o fez voltar, após obter a sua formação em filosofia. Mesmo o retorno não fez os seus questionamentos diminuírem, o que motivou a publicação do livro em 2012, com cerca de 60 entrevistas com policiais militares.
— Um professor meu mesmo, holandês e da UECE, me perguntava se eu era do Exército, e eu dizia que não, que era da polícia. Então ele perguntava se a polícia daqui tinha militarismo, porque não existe isso na Europa. Militarismo é para as Forças Armadas, é a quem ele serve. Polícia vem da palavra grega “polis”, que significa “cidade”. Ou seja, o policial para fazer a segurança do cidadão, não reprimir o cidadão como a Polícia Militar faz. Então, essas ideias foram se acumulando, tive essa ideia [do livro], publiquei e deu no que deu. LEIA TUDO AQUI
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