Por
Humberto Pinho da Silva
para o Tabocas Noticias (via email)
Conheci na minha mocidade
afável senhora, de elevada cultura, professora de profissão, que quando
escutava elogios ao saber de um médico, logo inqueria, muito interessada, a
marca da viatura que usava.
Se o automóvel era de alta
cilindrada e preço elevado, logo o considerava uma sumidade; mas se o pobre
clínico viajava em transporte público ou carro utilitário de baixo custo, por
mais competente fosse o diagnóstico, não passava, para ela, de reles entendido.
Se a senhora avaliava a
competência, pela viatura, outros costumam ajuizar pelas marcas que vestem.
Talvez seja a razão de
políticos popularuchos, usarem gravata e camisa social, no parlamento, e
desgravatarem-se diante de sindicalistas e trabalhadores.
Para outros, quiçá não menos cultos,
que a senhora da minha juventude, os valores dos homens mede-se: pelo lugar que
ocupam e casa que possuem.
Desse pensar, encontram-se os
emigrantes e novos-ricos, que constroem mansões, onde não falta conforto e
piscina, mesmo não sabendo nadar.
Assim se avaliam os homens –
pela aparência, bens que possuem e cargos que ocupam.
Muitas vezes dá-se mais crédito
a vigarista bem encadernado, que a honesto trabalhador,
O valor dos homens, não está
nas vestes, nem nos bens que possuem, mas sim: na educação, na forma como lidam
com o semelhante, e nos conhecimentos que têm; mas muitos não compreendem isso.
Jesus não foi bem aceite pelos
patrícios, porque o “Pai” era pobre carpinteiro, e os parentes humildes
artistas.
Como poderia, o filho de
carpinteiro, sem ter tido mestre famoso, ser respeitado e aplaudido na terra
natal?!
Não era ele operário e seus
discípulos trabalhadores braçais!?
Como no tempo de Jesus, também
nós, dois mil anos depois, avaliamos os homens, não pelo que são, mas pelo
modo: como se vestem, pelos cursos que possuem, pela família que pertencem e
pelo lugar que ocupam na sociedade.
Por isso, tantas vezes nos
enganamos!
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