Enquanto milhares de brasileiros acreditam estar rumo à riqueza, o governo federal coloca ainda mais em xeque o 'milagre econômico' prometido pela Telexfree e acusa a empresa de formar um esquema de pirâmide financeira. Depois do Ministério da Justiça confirmar que investiga no âmbito do consumidor a companhia – informação publicada com exclusividade na Rádio CBN Vitória e no Jornal A Gazeta –, órgãos ligados ao Ministério da Fazenda classificam a atuação da Telexfree similar ao sistema Ponzi.
Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (14), na página da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae). No Brasil, a Telexfree tem como razão social Ympactus Comercial e nos Estados Unidos, até 2012, era conhecida por Common Cents Communications INC.
A corporação, que diz atuar nas áreas de tecnologia e de marketing multinível binário, cobra valores de US$ 50 (cerca de R$ 100) a US$ 1.375 (aproximadamente R$ 2.750) das pessoas interessadas em se tornarem divulgadores.
A desconfiança do governo federal está refletida na nota técnica, enviada pela Seae à Procuradoria da Fazenda. O documento aponta indícios de possível crime contra a economia popular, e afirma que a Telexfree realiza, sem licença comercial, venda de planos de telefonia via internet, chamados VoIP (voz sobre IP).
Segundo o texto, a oferta de ganhos altos e rápidos proporcionados, principalmente, com recrutamento de novos integrantes mostra a não sustentabilidade do modelo de negócio devido à formação de um esquema piramidal.
Ao analisar as investigações da Seae, a Procuradoria da Fazenda soltou um parecer solicitando ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal que verifiquem os negócios da Telexfree e informem de quem é a competência em investigar as supostas arrecadações fraudulentas de dinheiro feitas pela companhia.
O documento chega a assegurar que a atividade da Telexfree “pode ser entendida como operação de captação de poupança irregular”, pois a empresa não tem autorização para recolher capital no mercado brasileiro. Esse tipo de negócio é regulamentado pela Lei 5.768 e só pode ser executado por empresas que atuam no varejo e que disponibilizam produtos ou serviços considerados essenciais à economia.
No Espírito Santo e em outros Estados, como Mato Grosso, Acre e Maranhão, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco, há inquéritos abertos contra a empresa. Hoje, a Telexfree é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e já mobiliza um milhão de seguidores no mundo, sendo 700 mil só no Brasil.
Em reunião realizada com a Seae, o representante legal e advogado da empresa, Horst Vilmar Fuchs, relatou que a companhia trabalha com a importação de redes VoIP da Telexfree INC, com sede nos Estados Unidos, realiza a venda dos planos por US$ 49 (cerca de R$ 100), remunera os parceiros com linhas e recompensa em US$ 20 os divulgadores que recrutarem novos membros para a rede.
A Seae contradiz a corporação e afirma que “se não houver ingresso de novos interessados, é impossível obter os ganhos anunciados, indicando, salvo interpretação contrária, a falta de sustentabilidade do negócio”. Vinícius Valfré, Mikaela Campos e Rodrigo Lira/Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
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