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domingo, 24 de março de 2013

Chinesa Sunrise deve trocar soja brasileira pela argentina


'Não adianta nada ter um preço bom se a soja não pode ser entregue', afirma o gerente de grãos e óleos da empresa.
PEQUIM - A chinesa Sunrise disse nesta quarta-feira, 20, que teria "enorme prejuízo" se não cancelasse a compra de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil em razão de atrasos nos embarques e negou que a decisão seja uma estratégia para renegociar os preços do produto."Não adianta nada ter um preço bom se a soja não pode ser entregue. Se a situação do transporte melhorar, nós podemos reconsiderar e voltar a comprar", declarou ao Estado o gerente de grãos e óleos da empresa, Shao Guorui. Segundo ele, a Sunrise estuda a possibilidade de compensar o cancelamento dos contratos com a aquisição de soja na Argentina a partir de abril..Shao disse que a empresa deveria ter recebido seis navios em fevereiro e seis em março, mas a chegada dos carregamentos foi adiada para abril, em razão do apagão logístico que atinge os portos brasileiros.Caminhões carregados de soja estão parados em filas intermináveis nas estradas que dão acesso ao porto de Santos, o principal canal de escoamento do produto, responsável por um terço dos embarques. Sem a possibilidade de serem carregados, os navios não podem atracar nos terminais.Diante dos atrasos, a Sunrise cancelou a carga de dez navios que já deveriam ter chegado e de outros 23 que deveriam atracar em portos chineses nos próximos meses. "Não há nem informação de quando os navios estarão prontos", observou.

Preços
Shao afirmou que o preço atual da soja na China é maior que o do produto comprado no Brasil, em razão de limitações na oferta. Mas com os atrasos, os carregamentos só chegariam aos portos chineses em abril ou maio, quando as cotações terão se reduzido em consequência da entrada de novas safras no mercado.
A diferença entre o preço atual e o de chegada do produto na China é a origem do "enorme prejuízo" previsto pela Sunrise. "O preço na China agora está alto, porque o suprimento é pequeno, mas em abril e maio, quando uma grande quantidade de soja entra no mercado chinês, o preço vai cair", justificou.
A empresa é uma das maiores importadoras de soja do país e compra cerca de 8 milhões de toneladas do produto por ano, das quais 3 milhões vêm do Brasil. "Eu espero que a situação melhore", disse, em relação ao apagão logístico.
O Brasil é o principal exportador de soja para a China, que é de longe o maior consumidor mundial do produto. No ano passado, os embarques para o país asiático representaram quase 70% dos US$ 17,5 bilhões de exportações nacionais do produto. A China importou 58 milhões de toneladas de soja, dos quais cerca de 40% vieram do Brasil.
"O cancelamento vai ter grande impacto no mercado chinês no curto prazo", observou o analista Zhang Lei, da Hongyuan Futures. Em sua avaliação, o país dependerá cada vez mais da América Latina para suprir sua crescente demanda de soja. "O problema é que a infraestrutura na região é muito pior que a dos Estados Unidos, especialmente em logística e estocagem", ressaltou _os norte-americanos são o segundo maior fornecedor do produto. *Cláudia Trevisan

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