Parcela de universitários acima dos 40 aumentou 33%, enquanto o número de alunos entre 18 e 24 anos diminuiu 6%
O número de estudantes com mais de 40 anos que ingressaram no Ensino Superior no Brasil aumentou 33% entre 2019 e 2021. O último Censo da Educação Superior mostra que eles são 1,2 milhão em todo o país, 13,4% do total de universitários. Em contrapartida, a faixa etária entre 18 e 24 anos sofreu queda de quase 6% no mesmo período. Reportagem: Thiago Aquino / Edição: Lucas Maia
Idade dos universitários brasileiros entre 2019 e 2021
Quantidade de alunos entre 40 e 49 anos aumentou 34%; entre 18 e 24 diminuiu 5%
Em 2019, antes da pandemia, o Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) registrou 8,6 milhões de matriculados em instituições de educação superior. A Agência Tatu analisou que destes, 904 mil tinham mais de 40 anos, 10,5% do total.
Já em 2021, quando houve a última divulgação do censo, com 8,9 milhões de universitários, 1,2 milhão de estudantes tinham 40 anos ou mais, um aumento de 33%, fazendo com que as pessoas com mais de 40 anos representassem 13,4% do total de alunos nos cursos de graduação.
Por outro lado, enquanto a quantidade de alunos entre 40 e 49 anos cresceu, o número de jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior diminuiu. Em 2019 eles eram 4,3 milhões, 50,5% do total. Já em 2021 eram 4 milhões de matriculados com essa idade, 45,5% de todos os universitários. Houve uma redução de 5,9%.
Rose é estudante do 9º período de Enfermagem
Quem faz parte desta estatística é Rose Maria da Silva, estudante de Enfermagem e moradora de União dos Palmares, interior de Alagoas. Ela já trabalhava na área da saúde e aos 51 anos abraçou a chance da graduação. “Nunca tive a oportunidade porque minha prioridade era trabalhar para cuidar e sustentar minha família. Quando consegui, me identifiquei e a experiência está sendo a melhor possível”, afirma a universitária.
Hoje, aos 56 anos, Rose está no 9º período do curso e ansiosa para a conclusão até o fim de 2023. A rotina é cansativa, já que trabalha no município vizinho de Santana do Mundaú durante o dia e à noite segue para a aula em um centro universitário particular em Maceió, enfrentando mais de três horas de viagens todos os dias. “É tudo muito corrido, mas estou muito realizada. A turma me trata com carinho e me sinto acolhida”, detalha Rose.
Etarismo
Viralizou no Brasil um vídeo em que três calouras de Biomedicina da Universidade Unisagrado, em Bauru, no interior de São Paulo, debocharam da colega de turma Patrícia Linares, de 44 anos, por ela ser mais velha. O caso de etarismo ou velhofobia repercutiu e provocou discussão sobre o tema.
Quem pratica esse tipo de preconceito pode responder por injúria.