por Fernando Duarte / BN
Praia de Guaibim foi atingida neste domingo (3) | Foto: Reprodução/ WhatsApp
Ao que parece, o brasileiro passou a ser cada vez mais crente em teorias de conspiração. Isso é bem comum, no Brasil pós-eleição de 2018, que popularizou mentiras dantescas como se verdades fossem. O difícil é acreditar que uma parcela expressiva dessas teorias ilógicas segue sendo alimentada por figurões da República, como é o caso da associação do derramamento de óleo nas praias do Nordeste à Venezuela. O país vizinho foi acusado de participação no desastre ambiental antes de qualquer investigação e o resultado disso é 23% da população crendo que os venezuelanos são os responsáveis pelo derramamento de petróleo bruto no Oceano Atlântico, conforme pesquisa do Ipespe, divulgada no último sábado (2).
Claro que, a partir do momento que o “DNA” do óleo aponta a Venezuela como origem, é natural que os olhos fiquem voltados para o país comandado pela ditadura chavista. Porém a simples declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro, depois endossada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, transformou os “companheiros” sul-americanos em alvos preferenciais da campanha de desinformação em torno dos culpados pelo caso. Salles, inclusive, não satisfeito por conspirar contra a Venezuela, ainda propôs o absurdo de que um navio do Greenpeace teria derramado o óleo propositalmente para prejudicar o Brasil e o governo. É autoestima que chama?
Pois, às vésperas da divulgação desse índice trágico de pessoas que acreditam em teorias da conspiração sem qualquer prova, a Polícia Federal deu indícios de que pode ter encontrado a origem do problema: um navio grego que abasteceu na Venezuela e desligou os radares ao cruzar a costa brasileira em direção ao leste, possivelmente tendo a África como destino.