Por Humberto Pinho da Silva
O meu passatempo favorito, é escrever. Escrever: é, nem mais nem menos, conversar sem ser interrompido.
Mas escrever, ser articulista, ter opinião, não é fácil, mormente em épocas de liberdade…Em ditadura, os censores, cortam; em democracia, muitas vezes, desancam nas redes sociais…
Em 1994, era colaborador do: “O Correio do Ribatejo”. Numa das crónicas desabafei, a indignação e tristeza, porque, determinado leitor, não gostando do que escrevera, resolvera enviar-me carta, polvilhada de insultos. Carta anónima… Claro.
Poucas semanas depois, tive a boa e agradável surpresa, ao abrir: “O Correio do Ribatejo”, de 27/Julho/1994 deparar, em destaque, Carta Aberta, dirigida a minha pessoa, assinada pela leitora: Natalina Milhano Pintão:
“Li com emoção e misto de tristeza e admiração, a sua crónica, sobre:” O Perigo de Escrever”.
“ Creio não conhecer o homem, que, semanalmente, nos contempla com um pouco do seu “ pensar”, expresso em ideias profundas, simples e generosas, porque são humanas. Sou dos que gostam de ler, nas páginas de um jornal, além de notícias dos acontecimentos do dia-a-dia, da terra (mais ou menos engalanadas, consoante quem escreve ou manda escrever), artigos de opinião. Essa opinião, leva-me a refletir e comparar a minha opinião, com essa outra opinião.
“ A opinião é igual à minha? É diferente da minha? Não é isso que me ocupa, e muito menos me preocupa. O que eu quero, é pensar… usar a minha cabeça, porque “ cada cabeça sua sentença”, (eu acho que é democrático, e até se ensina nas Escolas: ter opinião responsável).