por Lígia Formenti | Estadão Conteúdo
Com dificuldade para escoar remédios para Estados por causa da greve dos caminhoneiros, o Ministério da Saúde solicitou auxílio da Força Aérea Brasileira para transporte de produtos. Parte deles tem estoques suficientes para apenas dois dias. A pasta pediu ainda escolta das Forças Armadas para transportar por via terrestre os medicamentos entre os Estados e auxílio das companhias aéreas para que os produtos sejam levados em caráter prioritário. Na lista, estão medicamentos para tratamento de câncer, para pacientes transplantados, remédios de alto custo, além de vacinas e drogas usadas na terapia anti-HIV. O Ministério da Saúde classificou a cesta de produtos comprada de forma centralizada por critério de prioridade. Para casos urgentes, estoques são suficientes para dois dias. Esse é o caso, por exemplo, de alguns imunossupressores (indicados para pacientes que fizeram transplante) e do trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama. Há ainda produtos cujo abastecimento é considerado grave: com quantitativo suficiente para atender 5 dias de demanda. Há ainda itens considerados em situação de "observação", com estoques para 10 dias. As dificuldades também são encontradas no setor varejista. Farmácias e drogarias continuam sem receber medicamentos, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, Sérgio Mena Barreto. De acordo com ele, transportadoras, com medo de perder a mercadoria, preferem manter carregamentos em seus armazéns. "Os bloqueios liberam apenas medicamentos para hospitais, não para o comércio varejista", disse. Para Mena Barreto, se a situação perdurar, haverá desabastecimento importante de remédios ainda esta semana. "A situação é preocupante", resume. Barreto afirma que, no Paraná, mesmo caminhões com selos da Defesa Civil não conseguem ultrapassar os bloqueios.