O goleiro Rodolfo, do time paulista Oeste, foi preso em flagrante por crime de injúria racial após ser denunciado pelo zagueiro Messias, do América-MG, de acordo com a Polícia Civil, e pagou fiança no valor de R$ 2 mil. O jogador do time mineiro afirma que foi chamado de "macaco" em jogada dentro da área do Oeste no minuto final da partida. Ainda no gramado, o goleiro Rodolfo se defendeu da acusação, dizendo que também era negro.
A fiança foi paga pelo clube, segundo o presidente do time, Ernesto Garcia, que esteve na delegacia, no bairro Floresta, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O atleta foi liberado por volta das 18h e, na saída, voltou a negar que tenha feito ofensas a Messias.
"O, como que é, Messias, não lembrava do que foi chamado. Foi o meu esclarecimento, o esclarecimento dele. E eu fui liberado. [...] Não pedi desculpa, não fiz nada, não fiz nada para eles", disse quando perguntado sobre o que declarou à polícia. https://g1.globo.com/minas
Também nesta tarde, Messias foi ouvido por um delegado e saiu sem dar entrevista. Um assessor do clube disse que o jogador reafirmou em depoimento que foi chamado de "macaco" ao virar de costas, após uma disputa de bola. Após a partida, o jogador foi acompanhado por policias até a delegacia para registrar o boletim de ocorrência.
Pelo Código Penal, o crime de injúria consiste em ofender alguém usando elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A pena é de reclusão de um a três anos e multa.
Após a passagem pela delegacia, Rodolfo embarcaria para São Paulo, ao lado de outros dois que serviram de testemunhas. O resto do time já havia embarcado, segundo o clube.
O que disseram os times
Em uma rede social, o América-MG lamentou o caso. "Perder é ruim, mas inaceitável mesmo é racismo. O zagueiro Messias recebeu injúrias raciais e isso não pode passar!", disse o clube na postagem. O time também manifestou em nota oficial:
"O América Futebol Clube manifesta sua indignação por conta da injúria racial sofrida neste domingo pelo zagueiro Messias, durante o duelo entre América e Oeste, pela Série B do Campeonato Brasileiro. O Clube repudia totalmente qualquer tipo de discriminação, sobretudo no futebol, um ambiente que deve servir como espaço de diversidade e integração entre as pessoas.
Em sua história centenária, o América sempre prezou pela igualdade e, por isso, apoia Messias em sua decisão levar o fato adiante e tomar as medidas cabíveis. Estaremos ao lado do nosso atleta para oferecer todo o suporte necessário. Entendemos que esse tipo de conduta deve deve ser combatida diariamente no futebol e em toda a sociedade".
O Oeste se manifestou negando que Rodolfo tenha tido atitude discriminatória e dizendo que Messias pode "ter escutado algo de forma equivocada".
"Nós, do Oeste FC, repudiamos totalmente qualquer tipo de discriminação e garantimos que nosso atleta não teve essa atitude. Rodolfo, de cor negra, é totalmente contra o racismo, além de ser um profissional de conduta exemplar no dia a dia do clube. Leandro Amaro, zagueiro do Oeste e companheiro de Rodolfo, estava próximo aos atletas quando discutiam e garante que o goleiro não usou a palavra "macaco", afirma que houve sim ofensas, de ambas as partes, mas não foram raciais. Acreditando que não haja má fé na ação de Messias, pensamos que o zagueiro do América possa ter escutado algo de forma equivocada e no calor do momento se exaltou. Acusado, Rodolfo já deu seu depoimento para a polícia", disse o clube em nota.