(Reuters) - A situação política do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, se agravou nesta quinta-feira depois que o PDT decidiu não fazer mais nenhum movimento de apoio público a ele no curto prazo, cancelando inclusive a reunião da Executiva da legenda marcada para esta quinta-feira.
No Palácio do Planalto, a expectativa era de que Lupi novamente conseguisse unir o PDT em sua defesa, como fez na semana passada, o que daria mais tranquilidade para que a presidente Dilma Rousseff o mantivesse na pasta.
Contudo, durante audiência pública com Lupi no Senado, os senadores pedetistas Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), disseram ao ministro que ele deveria deixar a pasta.
Ao final da audiência, o presidente do partido, deputado André Figueiredo (CE), tirou mais um pouco do apoio que restava ao ministro.
"O partido tem uma coisa que o une, que é a certeza de estar na base da presidenta Dilma. A questão da conveniência ou não de (o ministro) ficar no cargo é uma opinião que está bastante clara que tem uns que defendem e outros que não defendem", afirmou aos jornalistas explicitando a divisão do PDT.
Oficialmente, a reunião da Executiva do partido foi cancelada porque o secretário-geral da legenda, Manoel Dias, está em tratamento médico e não foi autorizado pelos médicos a viajar de Santa Catarina para Brasília. "Não temos quórum", disse Figueiredo.
"O partido na verdade não vai neste curto prazo tomar nenhuma decisão formal a nível de partido e não há essa previsão (para um posicionamento)", acrescentou Figueiredo, adicionando que se o PDT não quer constranger o ministro pedindo sua saída e nem pressionar a presidente exigindo a manutenção de Lupi.
Uma fonte do Palácio do Planalto disse à Reuters que a presidente não quer trocar mais um ministro para ter mais possibilidades de mudanças na reforma ministerial prevista para o início de 2012. Contudo, se o ministro perdesse a sustentação do partido, essa troca poderia ocorrer antes do planejado.
Desde junho, seis ministros deixaram o governo Dilma, cinco deles em meio a denúncias.
Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, o próprio PDT já estaria pensando que é melhor trocar o ministro agora e contar com a possibilidade de Dilma nomear um pedetista definitivamente do que correr o risco de brigar por Lupi e, no início de 2012, perder o Ministério do Trabalho e ficar com uma pasta de menor importância.
Parte do PDT, inclusive Figueiredo, acha que o partido deveria deixar o governo agora, preservar sua imagem, e se for possível retornar à Esplanada apenas na vindoura reforma ministerial, mesmo que seja num posto de menor expressão.
Dilma recebeu o relatório com as declarações do ministro na audiência no Senado após cerimônia no Palácio do Planalto no fim da amanhã desta quinta, e deve decidir sobre o futuro de Lupi nos próximos dias.