Queda é a segunda maior causa de morte acidental em idosos no Brasil, estando atrás apenas dos atropelamentos
Vitória Silva / Por Leiaja
Quedas de idosos são segunda maior causa de morte acidental na terceira idade.
Foto: Imad Alassiry/Unsplash
A queda é a segunda maior causa de morte acidental de idosos no Brasil, estando atrás apenas da morte em contexto de trânsito. Representando um alto risco para a qualidade da vida idosa, as ocorrências de quedas fatais para esta faixa etária quase dobraram em 10 anos. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), em 2012, foram 4.816 mortes do tipo, enquanto 2022 notificou 9.569 casos. Ou seja, um aumento de 99%. No geral, cerca de 70 mil idosos morreram em decorrência do acidente no período avaliado.
Dois casos recentes de quedas envolvendo idosos obtiveram repercussão nacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em outubro, sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. À ocasião, o chefe do Executivo sofreu um corte na cabeça e precisou de atendimento hospitalar. Na última semana, o cantor Agnaldo Rayol também sofreu uma queda domiciliar, que acabou sendo fatal.
Ao LeiaJá, o médico Luiz Antônio de Sá, professor universitário pós-graduado em geriatria e gerontologia, comentou que as quedas em pessoas idosas são um “assunto comum” na geriatria. Além disso, esses episódios são considerados acidentes por um motivo: são evitáveis.
Fatores extrínsecos e intrínsecos
“As quedas de idosos acontecem por fatores intrínsecos e extrínsecos, que são modificáveis e podem ser evitáveis com alguns cuidados importantes”, alerta o médico. Sá destaca que as doenças compõem os fatores internos e potencializam os riscos, por serem predeterminantes.
“Doenças como sarcopenia (perda de força muscular), osteoporose (ossos mais frágeis), diminuição da audição, da visão, confusão mental ou então efeitos de medicamentos, quando a pessoa toma e pode sentir tontura ou mal-estar geral. Nesses casos, é importante cuidar de perto das questões que afetam a saúde”, informa o especialista.
Já os fatores extrínsecos ou externos são as condições do ambiente, em especial do ambiente doméstico. “Por exemplo, uma ação simples que evita acidentes é a retirada dos tapetes. Os idosos têm um carinho especial pelos tapetes, mas a verdade é que estão entre os maiores causadores de quedas”, exemplifica. “Ao cuidar dos fatores intrínsecos e extrínsecos, podemos prevenir situações de alta gravidade, como o ferimento corto-contuso sofrido pelo presidente Lula. A prevenção é a melhor alternativa para que os idosos tenham uma boa qualidade de vida”, concluiu.
Cuidado com a mobília e objetos soltos
Além de estar associada às mortes na terceira idade, as quedas também podem provocar sequelas irreversíveis e dificultar o cuidado em casa (o famoso “home care”). Estes acidentes representam, ainda, cerca de 10% das emergências hospitalares, conforme os dados do Ministério da Saúde. Muitos elementos dentro de casa podem criar um cenário propício à queda: escadas, batentes, calçadas, quinas de objetos, além das quedas da própria altura (QPAs).
“É preciso ter muito cuidado com as escadas: devem estar bem iluminadas e terem apoio. Objetos e móveis que ficam pelo caminho devem ser retirados, pois podem surpreender o idoso e ocasionarem acidentes. Netos em casa são motivos de alegria para qualquer avô e avó, mas é muito comum, na presença deles, brinquedos e outros objetos ficarem pelo caminho”, explica o geriatra Luiz Antônio de Sá.
O geriatra também alerta para o uso do banheiro e sugere adaptações nos espaços utilizados por idosos. “Banheiro é um local perigoso, pois o piso pode ficar escorregadio. Recomendamos as barras de apoio ou corrimãos, para garantir maior segurança ao idoso, no box e ao lado do vaso sanitário”, finaliza.
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