por Mari Leal / BN
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cadeia nacional de rádio e televisão nesta terça-feira (24) causou revolta entre parlamentares e políticos baianos. O tom radical e irônico em relação à pandemia motivou até mesmo a gestão de "interdição" do chefe do Executivo (veja aqui).
Presidente nacional do DEM e aliado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou ser "lamentável" o posicionamento do gestor diante de todo "o esforço que estamos fazendo para tentar proteger a população e o presidente da República ter esse tipo de postura". Em seu discurso, Bolsonaro minimizou os efeitos da Covid-19 e desqualificou as medidas de isolamento social, apontadas por especialista como a melhor maneira de evitar a proliferação do vírus.
Sem citar diretamente o presidente da República, o governador Rui Costa (PT) contestou o termo "gripezinha" utilizado no discurso oficial em referência a Covid-19. "Não é gripezinha. Vou continuar trabalhando em defesa da vida. Olhar nos olhos das pessoas e dizer: estamos numa guerra. ACORDA. Temos que vencê-la. Chega de discurso vazio e delírios. Vamos trabalhar mais e mais. Responsabilidade. Todos contra o coronavírus", disse.
No Instagram Rui reforçou: "Reafirmo o compromisso com o povo do meu Estado de não baixar a guarda; de continuar lutando firmemente com todas as minhas forças contra o coronavírus. Vou cuidar sim da vida das pessoas. É momento da Bahia unida independentemente das suas preferências políticas, das suas crenças, dos credos. Estamos vivendo uma grave crise. Estamos lutando para superá-la. Aqui, registro a minha solidariedade a todos os estados do Nordeste. A todo o Brasil. É uma guerra. Que Deus nos dê equilíbrio e força. Vamos vencer. Todos contra o coronavírus".
Outra reação firme foi a do senador Otto Alencar (PSD), que chegou, em vídeo nas redes sociais a sugerir "aquece Mourão [vice-presidente Hamilton Mourão], prepara o Mourão para governar o Brasil porque o presidente tem mostrado total incapacidade".
"Assistimos com perplexidade o pronunciamento do presidente da República. Hoje ele passou todos os limites quando no pronunciamento ele quer expor as pessoas que confiam ainda nele a acreditar que o coronavírus não vai transmitir uma doença que vai ceifar vidas. O presidente precisa ser interditado ou ser analisado, porque ele tem agido exatamente como alguém sem responsabilidade com o povo brasileiro, ou pelo Congresso Nacional ou pelos conselheiros principais, até pelo seu vice-presidente, o general Mourão, que tem responsabilidade e é um homem equilibrado. Quem sabe não se pode já pensar em mandar aquece o Mourão, prepara o Mourão para governar o Brasil porque o presidente tem mostrado total incapacidade", disse Alencar.
Reação semelhante foi manifesta pela deputada federal Lídice da Mata (PSB): "Pronunciamento desastroso do presidente da República. Irresponsável, não se preocupa com as pessoas e só pensa em salvar o seu lastimável governo em meio ao enfrentamento da maior pandemia do século".
Também demonstrou contrariedade a ex-aliada e correligionária de Bolsonaro, deputada federal Dayane Pimentel (PSL). "O pronunciamento do Presidente hoje foi totalmente infeliz. Reabrir escolas e o comércio foram as sugestões dele, indo na contramão do próprio Ministro de Saúde e do mundo. Depois não adianta reclamar dos panelaços", escreveu no Twitter.
Entre os deputados estaduais a reação ao discurso radicalizado não foi diferente. A deputada estadual Olivia Santana (PCdoB), disparou: "Basta Bolsonaro! O presidente da República tem que respeitar o povo brasileiro". Já Alex Lima (PSB), falou em tristeza e alertou o presidente da gravidade da situação. "Muito triste de ouvir o líder da nossa nação, ser tão infeliz no seu pronunciamento. A situação é grave, presidente", disse.
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