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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lama que não te quero lama

Um olhar sobre a tragédia de Mariana e verificaremos que tanto a mineradora quanto os órgãos oficiais que concederam a licença e que eram responsáveis pela fiscalização falharam. Aliás, eles sempre falham. Seja pela falta de pessoal, negligência, propinas e interesses dos mais escusos. Diante dos fatos noticiados, preocupa-me a barragem de dejetos de mineração do ouro, sob responsabilidade da Kinross, empresa de bandeira canadense, que atua na cidade de Paracatu, Noroeste de Minas.

De tamanho gigantesco, seu vazamento riscaria do mapa o povoado da Lagoa e adjacências, muito maior que o de Bento Rodrigues. Poderia se contar vidas perdidas aos milhares. Sua lama, cheia de elementos químicos como arsênio, mercúrio, graxas e outros, provenientes da extração do ouro, contaminaria não somente as águas do Rio São Pedro, Rio Córrego Rico e Rio Aldeia, que desembocam no Rio Paracatu, que, por sua vez, é afluente do Rio São Francisco. O desastre ambiental seria inimaginável. Órgãos ambientais mineiros: coloquem a barba de molho. A destruição de uma barragem não acontece da noite para o dia.

E, por isso mesmo, cabem perguntas. A barragem da Kinross tem licença ambiental? Há fiscalizações periódicas? Qual a situação da barragem hoje? Existe algum risco, o mínimo que seja? Que medidas preventivas estão sendo tomadas? Qual o plano de evasão dos moradores caso aconteça algum desastre? Nunca é demais lembrar que o fato de a empresa responsável ser estrangeira, e potência econômica, não é salvo-conduto para ninguém. Nem mesmo o fato de ela sustentar economicamente a cidade pode ser desculpa para a não fiscalização. 

Vejam o caso da Samarco, subsidiária da Vale, que é sócia da anglo-australiana BHP Billiton. Quem vai dizer que a Inglaterra e Austrália não são Primeiro Mundo? Nunca é demais lembrar que quem mora nas cidades que executam os serviços de extração mineral são pessoas de carne e osso que precisam ser protegidas. Sem elas não há cidades, não há mineração, não há nada. por Eduardo Homem de Carvalho

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