Joaquim Levy chega ao Ministério da Fazenda após reunião com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)(Ueslei Marcelino/Reuters)
A situação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é tão delicada dentro do governo que a presidente Dilma Rousseff escalou dois de seus ministros, Aloysio Mercadante e Edinho Silva, para dizer que Levy fica. As próprias afirmações do titular da Fazenda de que não abandonará o barco não têm convencido a opinião pública, tampouco o mercado - vide a disparada do dólar nesta quinta-feira. Ao convocar a reunião com Levy, Nelson Barbosa e Mercadante, na tarde desta quinta, a presidente Dilma queria acertar os ponteiros com a equipe econômica para tentar tranquilizar o mercado antes do fechamento da bolsa. O dólar alcançou 3,81 reais, depois recuou e fechou estável. Ao deixar o Palácio do Planalto, por volta de 17 horas, Levy não falou com a imprensa. Saiu direto e em silêncio. http://veja.abril.com.br
Coube aos ministros Edinho Silva e Aloysio Mercadante afirmarem que Levy e o governo "estão alinhados", e que o ministro continua fazendo parte da equipe. "Levy fica porque nunca saiu", afirmou Edinho a alguns jornalistas, após a reunião. Já Mercadante deu uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para desmentir rumores de saída de Levy e para dizer que o governo está certo de que o Congresso aprovará todas as medidas necessárias para recuperar a saúde orçamentária. "É evidente que (Levy) fica. Ele tem um compromisso com o Brasil e com esse projeto. Tem consciência da importância que tem. E mais. Não foi tratado esse assunto. Tratamos de uma agenda construtiva". Na saída, Mercadante lançou: "Quem apostar contra (a permanência de Levy), vai levar barrigada".
A reunião de emergência convocada no Palácio do Planalto fez com que o ministro adiasse sua viagem ao encontro do G20, na Turquia, prevista para a tarde desta quinta-feira. Segundo a assessoria de imprensa do ministro, Levy partirá em outro voo para a Turquia ainda na noite desta quinta.
Segundo Mercadante, a reunião foi marcada para discutir a situação fiscal e medidas para ampliar os cortes de gastos e reduzir o rombo do orçamento no ano que vem. Mercadante falou em melhoria da gestão dos gastos públicos, em especial os obrigatórios, e disse que é preciso levar adiante a reforma da previdência que, nas contas do ministro, representam 55% dos gastos obrigatórios. De acordo com o texto orçamentário entregue ao Senado na segunda-feira, o governo prevê gastar 30,5 bilhões a mais do que deve arrecadar em 2016 - uma visão otimista na opinião de alguns parlamentares, que apostam em déficit superior a 60 bilhões de reais. "O país não pode ficar confortável com um déficit de 30 bilhões. Nossa luta para melhorar as contas continua. A reunião foi isso. Estamos alinhados e temos tarefas a cumprir", disse o ministro da Casa Civil.
Duas fontes ouvidas pelo site de VEJA afirmaram que Dilma instruiu Mercadante a reforçar a preocupação do governo com o controle de gastos para tentar reverter o impacto negativo causado pelo anúncio do orçamento. A ideia de reformas profundas e "estruturantes" vem sendo ventilada à exaustão por interlocutores do Planalto, que querem passar a mensagem de cautela por parte da presidente. Apesar do discurso pró-ajuste, a retórica do "pessimismo exagerado" e do "nós contra eles" se mantém.
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