RAPHAEL GOMIDE
A investigação norte-americana sobre corrupção na Fifa e em entidades regionais de futebol revela que o contrato de US$ 160 milhões da CBF com a Nike, assinado em julho de 1996, rendeu pelo menos US$ 15 milhões de dólares em propina ao ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira. O acordo com a empresa de roupas esportivas foi intermediado por José Hawilla, então agente de marketing da CBF. Pelo contrato, assinado em Nova York, a Nike passaria a ser o fornecedor exclusivo de material esportivo da CBF por dez anos.
Nesta quarta-feira (27), o ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram presos na Suíça por suspeita de corrupção. De acordo com a denúncia do Ministério Público dos Estados Unidos, eles integravam um esquema de subornos que permeava a maior parte das competições e negócios internacionais no futebol.
O contrato da CBF com a Nike foi assinado por Teixeira, em nome da CBF, por José Hawilla, e por quatro representantes da empresa esportiva. A CBF transferiu um percentual do valor dos pagamentos à Traffic. De acordo com a investigação do FBI, a Nike concordou em pagar à Traffic mais US$ 40 milhões, além dos US$ 160 milhões, em uma negociação financeira que não aparece no contrato.
Três dias depois do acordo, um novo contrato de apenas uma página foi firmado entre a Traffic e a Nike. Por ele, a CBF autorizou a Traffic a dar recibos à empresa esportiva “diretamente por taxas de marketing pela negociação bem-sucedida e a performance da empresa”. O montante pago não chegou aos US$ 40 milhões combinados. Entre 1996 e 1999, a Traffic deu recibos que somaram US$ 30 milhões.
Segundo a denúncia do Ministério Público dos EUA, Hawilla pagou a Teixeira“metade do dinheiro que ganhou no negócio de patrocínio, totalizando milhões de dólares, como propina e suborno”.
Trecho de denúncia do MP dos EUA afirma que José Hawilla e Ricardo Teixeira dividiram meio a meio valores recebidos por fora no contrato da CBF com a Nike (Foto: reprodução)
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