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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Com crescimento próximo de 0%, Brasil ficará na lanterna dos países do Brics em 2014

Um conjunto de fatores internos e externos poderá levar o Brasil a ter a mais baixa porcentagem de crescimento entre os países do Brics (bloco de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em 2014.

Sites especializados em projeções de crescimento apontam que o País crescerá em torno de 0% a 0,5%, um número bem abaixo do 1,9% de 2013.

“No ano passado já havíamos crescido pouco e este ano a economia quase parou”, disse Paulo Wrobel, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas dos Países Brics.

Wrobel afirma que o baixo crescimento é um sinal do desgaste do modelo econômico que o Brasil vem seguindo desde o governo Lula, baseado no consumo doméstico e na expansão do crédito, já que o País já vinha tendo um crescimento abaixo de outros países emergentes nos últimos anos.

— Houve uma expansão da chamada classe média, mas agora a capacidade de consumo dessas pessoas se esgotou, quem comprou um carro nos últimos anos não vai comprar mais um.

Fatores internacionais também contribuíram para o baixo crescimento brasileiro deste ano. Entre eles, está a queda no preço das commodities — bens primários com cotação internacional, como soja e minério de ferro.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de janeiro a outubro deste ano, as exportações do agronegócio tiveram uma queda de 3% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado.

Agora, especialistas concordam que, a longo prazo, o País terá que promover mudanças na política econômica e investir, principalmente, em infraestrutura para retomar o crescimento, já que “o baixo investimento em infraestrutura afeta a vida do trabalhador e a produtividade geral da economia”, diz o economista sênior de América Latina do banco Standard Chartered, Italo Lombardi.

No Brasil, a taxa de investimento em infraestrutura no Brasil ainda é muito baixa, por volta de 17% a 18%. Em comparação com a China, por exemplo, a diferença é mais evidente. Lá cerca de 40% da arrecadação do Estado é investido em infraestrutura.

— Para ajudar a entender, é como uma fábrica que você não expande, mas fica colocando mais trabalhadores. Chega uma hora que a capacidade chega ao fim e a fábrica terá que ser expandida se quiser continuar a crescer.

Eleições
A incerteza em relação ao resultado das eleições presidenciais de 2014 também foi um fator relevante para o baixo crescimento do País este ano, porque muitos investidores viam com desconfiança a capacidade da presidente Dilma Rousseff, caso fosse reeleita, de controlar a inflação, atrair investimentos e reviver a economia que caminha para o quarto ano de crescimento modesto.

No entanto, ambos os especialistas concordam que, passadas as eleições, este é o momento de o Brasil mostrar que está apto a reestruturar a política econômica e retomar uma taxa de crescimento mais compatível com uma potência emergente.

“A indicação é a de que há uma vontade política de mudar neste segundo mandato da presidente Dilma”, disse Lombardi.

— Isso deve dar mais tranquilidade ao investidor externo, de que ele não está entrando em um país onde terá problemas com a inflação e onde pode ter um maior planejamento dos gastos que terá no país.
Foto: Thinkstock - Fonte: R7

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