Registros de malária caíram em 40% este ano por que os pacientes deixaram de ir aos centros de saúde (Foto: Reprodução/Jerome Delay/AP)
A epidemia de ebola que se alastrou na região ocidental da África trouxe mais problemas à população. Além de fazer vítimas, a doença desviou a atenção das campanhas de prevenção à malária, enfermidade que mata mais que o vírus epidêmico. A manobra pode expandir o número de casos do parasita, alertam especialistas.
Foram registrados 19.497 casos de ebola, entre eles 7.588 fatais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), durante a atual crise. Somente no ano de 2013 a malária matou mais de 584 mil pessoas na mesma região, quase 77 vezes mais. Apesar de não haver cura, existem formas de tratamento e prevenção à doença.
Malária: um mal menor?
O medo causado pela a propagação do vírus ebola fez com que as pessoas da região do vilarejo Geckedou, local onde teria ocorrido o primeiro caso, deixassem de ir até os centros de saúde para tratar outros problemas. Exames de sangue para detecção da malária, que mata 90% dos infectados, foram suspensos com a intenção de evitar o contágio do vírus ebola.
Os países que mais sofrem com o ebola, Guiné, Serra Leoa e Libéria, têm problemas de infraestrutura na área de saúde e não conseguem lidar com as duas doenças ao mesmo tempo. Segundo o vice-diretor da ONG americana Malaria Initiative, Bernard Nahlen, houve queda de 40% nos registros de malária por que os pacientes não estão indo mais às unidades de atendimento.
“Seria um erro enorme, para todos os envolvidos, que, no meio de uma epidemia de ebola, começasse a morrer muita gente por malária, mas me surpreenderia se, diante de tudo o que está acontecendo, não houvesse um aumento do número de mortes; e muitas dessas mortes serão de crianças”, disse Nahlen.
Mesmos sintomas, diferentes formas de contágio
As duas enfermidades têm sintomas iniciais similares, como febre e dores musculares, porém a forma de contágio é diferente. Enquanto o ebola só é contraído através do contato com fluídos corporais de um paciente, o parasita da malária é transmitido pela picada de um mosquito infectado.
Na Guiné, um dos países mais afetados pela epidemia de ebola, 12 milhões de habitantes não têm acesso ao sistema de saúde do país e por isso não entram nas estatísticas das doenças, mas estima-se que cerca de 15 mil teriam morrido por complicações da malária, 14 mil desses seriam crianças menores de cinco anos. Fontes: O Globo
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