Cientistas do Imperial College London descobriram uma nova classe de anticorpos capazes de neutralizar as quatro formas do vírus da dengue, conforme publicou nesta segunda-feira (15) a revista britânica "Nature Immunology". Este novo tipo de anticorpo descoberto em humanos, que também neutraliza o estado inicial do vírus presente nos mosquitos, poderia orientar o desenvolvimento de vacinas e tratamentos efetivos para combater a doença. A dengue é uma doença transmitida pela picada do mosquito da família Aedes e infecta 400 milhões de pessoas por ano, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Um dos principais problemas que o vírus apresenta é que existem quatro tipos de dengue e ter tido um deles não imuniza a pessoa dos demais. No relatório, a equipe de pesquisadores assinalou que a expansão geográfica da dengue tem aumentado, já que foi registrado um maior número de casos na América Latina e na Austrália, e poderia se estender ao sul da Europa. O diretor da pesquisa, Gavin Screaton, disse em uma teleconferência com a imprensa que seu grupo já leva mais de dez anos estudando do vírus. Ele destacou que não acredita que a dengue possa ser controlada até que se desenvolva uma vacina. Para ele, o desenvolvimento de uma vacina poderia levar uma quantidade de tempo "considerável", porque primeiro seria preciso produzi-la e testá-las em modelos não humanos. Com relação a penetração do vírus na América Latina, Screaton afirmou que, apesar de ter "existido países que realizaram boas práticas", estas não evitaram alguns surtos severos. Segundo Screaton, para prevenir o contágio em grande escala, é preciso "informar à população sobre boas práticas, limpar e não armazenar lixos nas cidades e usar inseticidas". Para o estudo, a equipe de cientistas analisou 145 mostras de anticorpos de pacientes que foram infectados pelo vírus e desenvolveram um quadro imunológico. Desta forma, encontraram um bom número de anticorpos que são muito efetivos neutralizando o vírus. Essa descoberta abre a porta ao desenvolvimento de uma futura vacina universal contra a dengue, apesar dos pesquisadores matizarem que ainda é necessário entender a resposta imunológica humana aos contágios naturais e ver qual é sua resposta à vacinação posterior.
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