Por Humberto Pinho da Silva
Paul Claudel (1868-1955), considerava que Portugal era uma província de Castela. Afirmava que o palácio, onde residia o Rei de Espanha, ficava em Belém, virado para o rio Tejo.
Só quando escreveu ensaio sobre os acontecimentos de Fátima, é que descobriu que Portugal existia. Mesmo assim, pensava que era região ou reino de Espanha.
Como Claudel muitos europeus, que viveram até meados do século XX, tinham igual pensar.
Em 2002, mais precisamente a 29 de Abril, o jornal “O Dia”, incluía carta da leitora Paula P. Ferreira, que indignada, dizia ter lido, na revista “ Turismo & Negócios”, de grande circulação no espaço da Mercosul, referências inexactas a Lisboa.
Esclarecia a referida revista, que “ O idioma oficial é o português, mas fala-se fluentemente o espanhol.”
Mais adiante asseverava:
“Sua arquitectura é essencialmente gótica. Banhado pelo oceano Pacifico e tendo como principal rio, o Tejo. Lisboa tem entre os seus vultos históricos nomes importantes da história do Brasil. D. Pedro I e II, D. João VII e Dona Leopoldina.
Mais adiante acrescentava:
Graças ao Estreito de Gibraltar, Portugal liga-se também ao Oceano Atlântico.”
E continua o dislate:
“O curioso é que quase dois terços da capital portuguesa desapareceu após a II Grande Guerra Mundial (…)”
Acreditando na leitora do diário “ O DIA”, ainda no início do séc. XXI, na América Latina, Portugal era desconhecido.
Não fico surpreso com isso. Em 1975, estive no Brasil, e verifiquei que a maioria dos brasileiros desconhecia quase tudo de Portugal.
Licenciado, de curso de ciências, confidenciou-me que só após a Revolução dos Cravos, é que conheceu que havia gente culta em Portugal.
O professor admirou-se da chegada de tantos intelectuais, professores universitários, médicos e economistas, vindos, na década de setenta, de Portugal.
Segundo seu pensar, os portugueses eram analfabetos, e muitos andavam descalços, principalmente crianças.
Mais tarde, em conversa com amigos, em São Paulo, soube que nas escolas ensinavam que Portugal delapidara o Brasil, ficando com oiro e outras riquezas. Esquecendo que o Rio de Janeiro, foi, desde 1808, residência oficial da Família Real, e da corte portuguesa. Capital do vasto Império, descoberto pelos portugueses., até 1822, data da independência.
Havia até, antes de 1974, descendentes de portugueses que se envergonhavam de o ser, para não serem vitimas de chacota..
Felizmente tudo isso é passado, – penso eu.
Os portugueses são agora estimados e recebidos com alegria; e Portugal tornou-se o pais europeu preferido para passarem férias.
Julgo que o desconhecimento era reflexo do deficiente ensino que era administrado nas escolas.
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