CRISTIANO MARIZ/VEJA
Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado pelo esquema do mensalão: ele teria direito a cardápio diferenciado e receberia visitas em horários não previstos para os demais presos
Brasília - Condenado no julgamento do mensalão, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tem recebido na cadeia tratamento diferenciado, o que resultou na demissão de um dos dirigentes da unidade em que está preso, diz reportagem da revista Veja publicada neste sábado, 22.
O vice-diretor do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), Emerson Bernardes, foi exonerado porque teria discordado das "mordomias" concedidas ao petista e o mandado raspar a barba.
Delúbio cumpre pena na unidade desde que a Justiça do DF o autorizou a sair durante o dia para trabalhar na Central Única dos Trabalhadores (CUT). No dia 19, Bernardes foi afastado do CPP e assumiu cargo no pátio de veículos apreendidos da Polícia Civil do DF.
Segundo a reportagem de "Veja", os privilégios foram constatados pelos juízes da Vara de Execuções Penais (VEP) de Brasília, em vistoria surpresa feita na unidade prisional na última quarta-feira.
Delúbio teria direito a cardápio diferenciado, tendo comido feijoada no fim de semana. Além disso, receberia visitas em horários não previstos para os demais presos. Ele teria recebido, no fim do mês passado, o presidente do sindicato dos agentes penitenciários do DF, Leandro Allan Vieira, pré-candidato a deputado, que integra a base aliada do governador Agnelo Queiroz (PT).
Os juízes abriram investigação para apurar ainda outro fato: sem autorização judicial, Delúbio foi instalado numa ala mais segura da unidade prisional, destinada a ex-policiais e afastada dos demais presos. A VEP quer saber de quem partiu a determinação e os motivos.
De acordo com fonte do Tribunal de Justiça do DF, os juízes estão irritados e veem a situação como um desafio à autoridade da VEP. No dia da vistoria, o advogado de Delúbio foi avisado e foi ao CPP acompanhar o trabalho dos juízes, o que causou estranhamento.
O CPP registrou ocorrência sobre o sumiço da carteira do petista na cadeia, com R$ 200 e documentos. Após a mobilização de funcionários, ela foi localizada.
Procurado neste sábado, 22, pelo "Estado", Bernardes não quis falar a respeito. "Nada a declarar", repetiu várias vezes. Os juízes da VEP não se pronunciaram. A assessoria de imprensa do GDF não atendeu.
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