Os sinais de superaquecimento da economia brasileira começaram a aparecer há quatro anos, mas nada parecia ser capaz de tirar do Brasil o posto de queridinho entre os países emergentes. Naquele período, a BM&Bovespa traçou estimativas ousadas para o mercado de ações: previa que, em 2015, cinco milhões de brasileiros teriam parte de sua poupança investida na bolsa. Como até o mais pessimista dos oráculos jamais arriscaria dizer que, antes desse prazo, o Brasil figuraria no grupo de economias ‘vulneráveis’, a projeção da bolsa não parecia tão descolada da realidade. Contudo, conforme a situação econômica do país se deteriorou em diversas frentes — com destaque para a piora fiscal e monetária — a bolsa teve de arcar com uma parte do prejuízo. Não só o número de ofertas públicas de ações minguou, mas também as pessoas físicas não se mostraram muito dispostas a colocar seu dinheiro em risco. Hoje, apenas 590 mil brasileiros têm ações em bolsa. A BM&FBovespa já deixou aquela meta inicial de lado, postergando-a para 2018. E, diante do cenário pouco animador, uma nova revisão pode estar por vir.
Em 2007, as empresas que abriram capital na bolsa amealharam nada menos que 28,8 bilhões de reais, enquanto o Ibovespa atingia patamares nunca registrados até então, como os 63 mil pontos no encerramento daquele ano. À época, cerca de 450 mil pessoas físicas participavam desse movimento. A Bovespa (que ainda não havia se unido à BM&F, a bolsa de mercados futuros) aproveitou a maré alta para implementar programas de estímulo ao investimento de longo prazo para pessoas físicas que não conheciam muitas opções de aplicação além da caderneta de poupança. Em sete anos, o número de investidores cresceu apenas 30%, enquanto o Ibovespa vem renovando suas baixas. Nos últimos meses, foram poucas as vezes que o índice ultrapassou 50 mil pontos. Na sexta-feira, 21, fechou em 47.380. Em seu pico, maio de 2008, chegou a 73,5 mil pontos.
Acertou quem investiu antes da crise financeira e, principalmente, conseguiu realizar o lucro antes da onda de queda das ações. “É muito difícil convencer um cliente a comprar ações em um momento que elas estão caindo. É muito mais fácil ele comprar em um momento de alta, na euforia”, explica Guilherme Benchimol, presidente da XP Investimentos. O Ibovespa recuou 15,5% em 2013.
Atrair pessoas físicas para o mercado de ações não é tarefa fácil - nem mesmo com Pelé como garoto-propaganda, como fez a bolsa em campanha veiculada em 2010. Poucos possuem sangue frio suficiente para assistir, inertes, à queda de suas aplicações. Um dos motivos que mais prejudicou a atratividade do mercado para brasileiros, segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, foi a queda das ações da Petrobras. A estatal está presente em 90% das carteiras dos investidores pessoa física. “O investidor brasileiro tem perfil conservador e muitos usavam o fundo de garantia para comprar participações na Petro (Petrobras) ou Vale”, afirma. As ações ordinárias da petroleira caíram 70% entre maio de 2008 e o fechamento desta quinta-feira. O valor de mercado da empresa neste intervalo despencou 65%, ou seja, os investidores perderam 331 bilhões de reais. As perdas são explicadas, em parte, pela política do governo de impedir o reajuste do preço da gasolina e impor à estatal altos custos para subsidiar as oscilações de petróleo no mercado internacional. Fonte: Com informações de Veja Online
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