Hanrrikson de Andrade/Do UOL, no Rio
A delegada Ellen Souto, que conduziu a investigação sobre os crimes contra o pedreiro Amarildo Dias de Souza junto com o titular da Divisão de Homicídios, delegado Rivaldo Barbosa, afirmou à Justiça, nesta quinta-feira (20), que a operação "Paz Armada" --realizada pela Polícia Civil para desarticular o tráfico de drogas na Rocinha, favela da zona sul do Rio, pouco antes do sumiço de Amarildo-- foi "um fracasso".
Para Ellen, a ação possibilitou "poucas e inexpressivas prisões, e nada de armas e drogas". A delegada declarou ainda à juíza da 35ª Vara Criminal da Capital, Daniella Alvarez Prado, ter "reunido provas técnicas que provam que a vítima não deixou a sede da UPP Rocinha por livre e espontânea vontade".
Meses depois de Amarildo desaparecer, quando a DH já trabalhava com a hipótese de homicídio, o delegado que comandou a operação Paz Armada, Ruchester Marreiros, disse que o pedreiro guardava armas para traficantes.
Na época da ação, Marreiros chegou a pedir a prisão da mulher de Amarildo, Elizabeth de Souza. O delegado que substituiu Marreiros à frente da 15ª DP (Gávea), Orlando Zaccone, criticou o antecessor.
Ellen também explicou a dinâmica do desaparecimento e morte de Amarildo: no dia 14 de julho, o réu Douglas Vital Machado, conhecido como Cara de Macaco, fez contato com um informante para saber se havia traficantes em um bar perto da casa do pedreiro.
A informante, segundo Ellen, disse a Vital que Amarildo estava, sim, no bar, e que dias antes ouviu a vítima afirmar a traficantes que não queria "mais cuidar do barraco das armas". Nesse momento, Vital teria repassado a informação ao comandante da UPP, o major Edson Santos. O oficial teria então ordenado que Vital e seus colegas prendessem Amarildo.
Abordado, Amarildo mostrou a carteira de identidade para os PMs, afirmou Ellen, mas isso não bastou. A vítima foi levada à sede da UPP no alto da comunidade, em uma localidade conhecida como Portão Vermelho, onde foi supostamente torturado e morto.
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