Ayahuasca - Foto: The Costa Rica News
Um estudo científico feito durante três anos, comprova a eficiência da ayahuasca contra depressão em pessoas que não conseguem resultados com remédios disponíveis nas farmácias
A pesquisa, feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi publicada nesta sexta, 15, pela Psychological Medicine, da editora da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
“Este é o primeiro estudo controlado com ayahuasca para depressão, e os resultados são promissores e interessantes”, disse à Folha o autor principal do estudo Dráulio Araújo, físico convertido à neurociência.
Ayahuasca
A ayahuasca, é uma bebida usada por povos tradicionais indígenas e em rituais religiosos como o Santo-Daime.
Ela é produzida a partir do cipó e da folhagem de duas plantas amazônicas: o mariri (Banisteriopsis caapi) e a chacrona (Psicotria viridis).
Seus efeitos e alucinações duram cerca de 4 horas e podem incluir náusea, vômito e diarreia. Evidências apontam que a ayahuasca é segura e não vicia.
“A ativação de partes do cérebro que respondem à serotonina leva a uma reação em cadeia, que altera a maneira como os neurônios se comunicam entre si e a própria organização cerebral”, diz sobre o efeito dos psicodélicos Stevens Rehen, neurocientista do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, que não participou do estudo.
Resultados da pesquisa
Os pacientes que receberam a ayahuasca tiveram uma redução significativa durante sete dias na gravidade da depressão medida por escalas padronizadas em comparação com os que receberam o tratamento placebo
A exemplo de outras drogas psicodélicas, como LSD, ela parece atuar sobre áreas do cérebro envolvidas no processamento de humores e emoções e sensíveis ao neurotransmissor serotonina, por exemplo aumentando nelas a circulação de sangue.
Na pesquisa conduzida na UFRN, a ayahuasca demonstrou ao longo de sete dias ser mais poderosa e persistente na redução dos sintomas de depressão que o placebo dado aos pacientes.
“É importante assinalar que a ayahuasca como tratamento é experimental. Seu uso terapêutico ainda não está regulamentado”, ressalva Luís Fernando Tófoli, psiquiatra, co-autor do artigo e pesquisador na Unicamp.
A pesquisa