Por Milton Neves
Alguns boleiros voltarão mais cedo "porque a família não se adaptou"
Sim, é o tal "pé de meia".
"Vou para a China que nunca mais fico pobre", é o lema dos boleiros de hoje.
Sei disso.
Mas sei não.
Tecnicamente correm sério risco de empobrecimento.
A China é boa para os treinadores, aqueles que são como dono de sauna: "vivem do suor alheio".
Com ou sem mercado por aqui, eles também descobriram o novo Eldorado.
Só que alguns boleiros voltarão mais cedo "porque a família não se adaptou".
Um retorno tipo brasileiro devolvendo casa e apartamento em Orlando e Miami pela força da atual goleada do dólar no real.
Lá nos EUA, o país líder também no crédito, tudo parece tão simples e fácil de comprar.
Mas você precisa em seu país ter base, estrutura e disponibilidade financeiras para se precaver.
Sem isso, tem muito "brazuca" atualmente perdendo a entrada e devolvendo o seu imóvel comprado na planta na Flórida.
Sugiro, mais uma vez quando de compras, o lema-padrão de meus amigos judeus: "Nada de prazo, prazo não presta porque prazo vence! Exija desconto!".
Mas está rolando sim muito dinheiro na rica China.
Só que a bola dos chineses sempre será murcha.
Se mudar, será lá pelos anos 2.824 ou 2.917.
Jogasse ou treinasse, também iria, deixemos de hipocrisia.
Mas, talvez, numa daquela do sujeito que tinha uma espingarda de cano torto "para matar veado além da curva", no velho jargão do mato, tenho um outro prisma de olhar para este tsunami chinês no futebol brasileiro.
Jogadores e treinadores ricos de repente e dirigentes esportivos brasileiros tão pobres na competência!
Sim, esse é o legado chinês que escancarou a verdade de nosso futebol: bom no campo e arcaico na direção.
Ficou claro, na prática, o tanto que o cartola brasileiro está desantenado com o futebol moderno e profissional mundo afora.
Com multas contratuais baixas, talvez por força do pagamento de salários proporcionais, dirigentes como Roberto de Andrade do Corinthians foram pegos no contrapé.
Desde Pedro Álvares Cabral que a imprensa critica os políticos de todos os cleros e os cartolas esportivos.
Mas agora, com os chineses invadindo o Brasil, eles estão a descoberto e sendo fulminados pelo lema dos "comunistas financeiros" de Pequim: "Se a multa é baixa, a gente leva!".
Acordem, cartolas!
Vamos fazer Madureza, Mobral Esportivo ou aprendizado a distância, cartolas brasileiros!
Fossem profissionais e não simplórios ou deslumbrados, mesmo apaixonados, Dinamite, Eurico, Laor, Odílio, Patrícia Amorim, Mário Gobbi, Carlos Miguel Aidar e outros teriam produzido muito mais à frente de seus clubes de coração.
Agora é se reciclar e não ser pego mais de calças curtas.
Afinal, não é todo mundo que tem a grana verde de Paulo Nobre, que compra quem quer e não vende ninguém.
Nem para a China, o cemitério da bola!
Mas, quando a bolha chinesa passar, não fará falta.
Como cinzeiro a bordo nas motocicletas do mundo. Foto: UOL