Dados indicam que até 25% das mulheres com a doença podem apresentar o transtorno
Fabiana Nery
O câncer de mama é uma patologia que traz em seu diagnóstico, além dos medos relacionados ao tratamento e seus riscos, questões que envolvem a sexualidade e a autoestima, em especial no caso das mulheres. Dados de um estudo do Observatório de Oncologia mostram que a chance de uma paciente com câncer de mama desenvolver a depressão chega a 25%, enquanto a prevalência da patologia é de 3,5% a 7% em todas as mulheres. Neste mês de outubro, voltado para a campanha Outubro Rosa de prevenção do câncer de mama, é importante expandir o debate sobre saúde mental para quem recebe esse diagnóstico.
A detecção e o tratamento da depressão nesta população são importantes, pois sintomas depressivos podem interferir de maneira significativa no tratamento da condição clínica do câncer, destaca Fabiana Nery, psiquiatra da clínica Holiste Psiquiatria.
“A depressão pode afetar negativamente o prognóstico do paciente ao gerar aumento da dor, do desejo de morrer e acentuar o prejuízo funcional global. Os critérios diagnósticos para depressão incluem sintomas que, frequentemente, são encontrados em pacientes com câncer, tais como inapetência, perda de peso, insônia, perda de interesse e energia. Essa semelhança normalmente leva à não valorização desses sintomas como parte de uma síndrome depressiva, dificultando seu diagnóstico em portadores de câncer”, enfatiza Fabiana.
Segundo a psicóloga Daniela Araújo, também da Holiste, lidar com as duas doenças não é uma tarefa fácil para a mulher, sobretudo porque envolve muitas questões psicológicas. “Passar por um câncer de mama é ter a imagem do próprio corpo modificada, portanto algo pode mudar definitivamente. Lidar com isto não é fácil, ainda mais para mulheres que são tocadas diretamente pelos aspectos femininos”, comenta.
Além da depressão, pacientes diagnosticados com câncer de mama podem desenvolver o Transtorno de Ansiedade. Vários fatores podem desencadear a evolução destes quadros, como problemas físicos, a própria ação inflamatória do câncer e a questão adaptativa, de se acostumar com um diagnóstico novo e com o tratamento.
“Muitas vezes a própria medicação traz sintomas depressivos, a falta de suporte social, principalmente em mulheres mais jovens, tudo isso aumenta o risco de transtornos mentais no câncer de mama”, afirma Lívia Castelo Branco, médica psiquiátrica da Holiste.
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