por Angela Boldrini e Thiago Resende | Folhapress**Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
O mal estar causado no Congresso pela proposta de reforma das regras de aposentadoria dos militares, que incluiu uma reestruturação de carreira, adiou a escolha do relator da Previdência. Inicialmente, o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Felipe Francischini (PSL-PR), anunciaria o relator da proposta de emenda constitucional nesta quinta-feira (21) em reunião do colegiado.
No entanto, nesta manhã, após reclamações dos parlamentares, o encontro foi cancelado. Parlamentares defendem que o relator da PEC na CCJ seja anunciado somente depois que o ministro Paulo Guedes (Economia) vá à comissão explicar a proposta e o projeto de lei que altera a Previdência dos militares e a reestruturação das carreiras das Forças Armadas.
Em acordo com interlocutores do governo, Guedes deve comparecer à CCJ na terça-feira (26). A decisão de adiar é um recado da insatisfação do Legislativo com a articulação política do Planalto e com a proposta de reestruturação de carreiras militares, que acaba reduzindo significativamente o impacto da mudança nas regras de aposentadoria das Forças Armadas.
O novo cronograma pode empurrar para frente a votação da proposta, uma vez que estava previsto que o relator apresentasse seu parecer na quarta-feira (27). No entanto, governistas dizem que ainda é possível votar a proposta até a primeira semana de abril.
A oposição tenta atrasar esse cronograma e prepara um plano para atrapalhar a votação no colegiado, responsável apenas pela análise da admissibilidade da PEC. A reestruturação gerou críticas até no partido de Bolsonaro, em que parlamentares avaliam que ela gera privilégios para a categoria em detrimento de outras.
Em projeto de lei apresentado nesta quarta-feira (20), o governo propõe endurecer regras para que os militares entrem na reserva e aumentar a tributação para essas carreiras. Isso reduz as despesas públicas em R$ 97,3 bilhões em dez anos.
Por outro lado, Bolsonaro fez concessões, até mesmo com aumento salarial para a base da hierarquia militar. As contrapartidas representam gasto de R$ 86,85 bilhões na década.
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