por Renata Farias****Foto: Agência Brasil
Uma pesquisa desenvolvida por brasileiros apontou a necessidade de um acompanhamento precoce de reabilitação para pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A abordagem tem o objetivo de evitar reinternações e um maior risco de morte.
"Até algum tempo atrás, a gente só se preocupava se o paciente saía vivo ou morto da UTI. Como estamos cuidando cada vez melhor do paciente, temos visto muito mais sobreviventes. A gente começou a se preocupar com o que acontece com esse paciente depois da alta da UTI", contou o médico Luciano Azevedo, coordenador do estudo e pesquisador do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.
Os riscos de reinternação e morte estão diretamente relacionados ao tempo que o paciente passa internado na UTI. "Durante a internação na UTI, os pacientes ficam no estado mais grave da doença. Associado a isso, o fato de eles passarem por alguns tratamentos para controlar a gravidade da doença pode levar, por exemplo, a fraqueza muscular, dificuldades respiratórias, alterações no sistema nervoso", explicou o pesquisador. Azevedo acrescentou que, a longo prazo, os medicamentos utilizados na UTI podem causar até mesmo Síndrome de Estresse Pós-traumático, a mesma vista em pessoas que retornam de guerras.
A equipe analisou bancos de dados de internações hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) em nove capitais: São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre e Manaus. Ainda assim, os pesquisadores acreditam que os dados também são observados no setor privado de saúde.
"Nós precisamos avaliar melhor o paciente no momento que eles recebem alta do hospital. É preciso marcar um retorno mais precoce, um acompanhamento de reabilitação mais precoce", avaliou Azevedo.
Apesar de dificuldades observadas no setor público, o profissional acredita ser possível implantar as melhorias no SUS. "A gente precisa levantar a questão para que os gestores do sistema público entendam esse problema e saibam que, a cada vez que um paciente desse volta para a UTI, eles gastaram uma quantidade de dinheiro muito maior do que no caso de uma iniciativa de reabilitação mais precoce", finalizou.
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