Luciana Amaral**Do UOL, em Brasília**Fátima Meira/FuturaPress/Estadão Conteúdo
O pré-candidato à Presidência da República do PSL, deputado Jair Bolsonaro, declarou nesta quarta-feira (6) que a atual superlotação dos presídios brasileiros é um problema "de quem cometeu o crime".
Durante sabatina de pré-candidatos promovida pelo jornal Correio Braziliense, ele disse ser preciso acabar com a audiência de custódia e prender imediatamente suspeitos a fim de não corre o risco de cometerem novos delitos. Portanto, cabe ao criminoso arcar com a vivência em presídios operando acima das capacidades.
"Eu acho que a chance de alguém que pratica um furto ficar detido é zero junto com a audiência de custódia. Tem de acabar com isso. E não vem com essa historinha 'ah, os presídios são cheios e não recuperam ninguém'. É problema de quem cometeu o crime", falou.
A audiência de custódia consiste na apresentação do preso em flagrante ao juiz junto a advogados e representantes do Ministério Público no menor prazo possível. Na ocasião, dependendo do caso e do contexto, o juiz pode manter o suspeito preso ou relaxar a pena, inclusive liberando-o.
Atualmente, o Brasil tem uma taxa de superlotação nas cadeias de 197,4%, o que significa que existe quase o dobro de detentos em relação ao número de vagas.
Bolsonaro acrescentou que a segurança pública tem de ser discutida com policiais militares, como vem fazendo na pré-campanha, e demais pessoas que trabalham na área, não com "filósofos e antropólogos". Ele disse respeitar as profissões, mas ressaltou que a questão é "grave".
O pré-candidato disse que, se eleito, reforçará os investimentos em inteligência e recuperará o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras).
Ele também afirmou que se esforçará para colocar o Sistema Único de Segurança Pública, aprovado no Congresso, em prática e dará "uma baita flexibilidade" no porte de arma de fogo, além de maior segurança jurídica para policiais e militares em operações de Garantia da Lei e de Ordem. "Algumas coisas têm de ser radical. Só temos uma vida", declarou.
Questionado sobre a crescente polarização política no país, Bolsonaro disse ser preciso deixar o "politicamente correto de lado" e não ver discursos de ódio como um problema no Brasil. Para ele, a população é capaz de filtrar as falas e há "muita frescura".
"Antigamente, se você chamava alguém de gordo, ele dava pancada em você. Hoje o gordinho virou mariquinha, pô", rebateu.
Indagado sobre temas econômicos, Bolsonaro preferiu não responder a várias questões diretamente alegando que o programa de governo será apresentado em agosto, quando a candidatura for oficializada, e que está ainda aberto ao diálogo.
Ele disse, porém, que valores de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) são um "absurdo, um verdadeiro estupro".
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