por Roberta Pennafort | Estadão Conteúdo
Num ato realizado pela Anistia Internacional na porta do prédio do Ministério Publico, no centro do Rio, nesta quarta-feira (13) para marcar os três meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o pai dela, Antonio Francisco Silva, se disse angustiado com a falta de informações sobre as investigações. A vereadora, quinta mais votada do Rio em 2016, foi morta a tiros de submetralhadora em seu carro, no Estácio, zona central da cidade. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi vitimado pelo ataque. "Queremos uma resposta à altura do crime. O silêncio nos deixa muito angustiado. O delegado diz ser necessário. É ineficiência da polícia? Todas as informações que recebemos são através da imprensa", lamentou o pai. Marielle era defensora dos direitos humanos, com foco principalmente em mulheres e populações faveladas. A polícia investiga a participação de milicianos no caso, mas não vem divulgando os passos do inquérito. A família de Marielle e representantes da Anistia foram recebidos pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussen, que reafirmou o compromisso da instituição na elucidação dos homicídios. "É importante chegarmos aos verdadeiros culpados. Éóbvio que uma investigação dessa complexidade leva um tempo significativo. Ela era a maior representante dos direitos humanos hoje em dia. Três, quatro, cinco meses... Não queremos encontrar qualquer culpado", declarou Gussen. "Estamos confiantes, não estamos sozinhos. Quando agrega uma instituição a mais, nos fortalece. Com Copa (do mundo) ou sem Copa, não vamos deixar o crime ser esquecido. Aquele é sangue meu, vou reivindicar", disse a mãe de Marielle, Marinete Silva. "A gente não pode deixar com que a Copa ou outros fatos façam com que o caso perca força. Foi um crime político, contra a nossa democracia. Não pode ser mais um caso", afirmou a mulher da vereadora, Mônica Benício. A Anistia cobrou a convocação de uma força-tarefa do MP para o caso e um posicionamento da Secretaria de Estado da Segurança sobre o empenho nas investigações. A secretaria informou nesta quarta-feira que não daria informações à imprensa sobre a apuração. Uma testemunha (um ex-PM preso por outros crimes) relatou que a execução foi encomendada pelo vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele teria envolvimento com milícias da zona oeste. Com suas ações políticas, Marielle teria "atrapalhado" a atuação do grupo em favelas da região. O vereador nega envolvimento.
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