por Samuel Celestino*Foto: Agência Brasil
Retaliada pela figura menor do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que espera tão-somente a guilhotina para degolar o seu mandato enlameado pela suposta corrupção que já responde em processos, a presidente Dilma Rousseff, com quem não comungo, deu a resposta que ele mereceu ao dizer que “todo mundo sabe que eu não sou ladra, todo mundo sabe que não tenho dinheiro no exterior”. O pedido de impeachment anunciado pelo presidente da Câmara só foi noticiado ao anoitecer desta quarta-feira (2), gerando, consequentemente, justas apreensões. Sem saída, na expectativa da sua cassação, Cunha utilizou o que lhe cabia para dar o troco, quando antes procurara o apoio do Planalto. A decisão para votar contra ele viera do PT, autorizada pelo presidente Rui Falcão, e provavelmente com a aquiescência de Lula, de quem não se teve notícias. A ordem de comando para os três petistas integrantes do Conselho de Ética votarem contra Eduardo Cunha não foi cumprida porque a sessão foi interrompida. Tanto a possibilidade de impeachment, ainda incerta, como a da cassação do mandato dificilmente sairão neste período em que o legislativo entrará em recesso. Será uma parada dura para a presidente Rousseff, cuja impopularidade é total. Ela agora passa a lutar pelo seu mandato. O presidente da Câmara esperou o tempo necessário para saber como o PT votaria no Conselho e ao tomar conhecimento deu um troco baixo que nenhum político de escol o faria. Os dois fatos estavam escritos: tanto os impeachments como a cassação e suas consequências recairão sobre a crise que aumenta a cada dia, seja em relação à política como em relação à economia.
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