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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Lucro de bancos pode encolher em 2016 pela 1ª vez em décadas

por Aline Bronzati | Estadão Conteúdo*Foto: Ilustrativa
O aumento do desemprego combinado com juros ascendentes deve sustentar a piora dos calotes nos grandes bancos no próximo ano, que caminha para ser ainda mais fraco sob o ponto de vista de oferta de crédito. Além da previsível deterioração na qualidade dos ativos, efeitos adversos de maior tributação podem fazer com que o resultado em conjunto das maiores instituições do País - Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander - encolha, pela primeira vez em décadas, e que o retorno sobre o patrimônio fique abaixo dos tradicionais 20%. As projeções indicam outro ano de avanço de apenas um dígito no crédito, principalmente porque não há apetite dos brasileiros para tomar empréstimos em um cenário de deterioração da economia brasileira e aumento do desemprego. Os mais pessimistas apostam em estabilidade ou até mesmo encolhimento das carteiras, com exceção das linhas de imobiliário e consignado (com desconto em folha). Na outra ponta, financiamento de automóveis vai continuar em queda, podendo se estabilizar apenas no final de 2017, segundo o Goldman Sachs. Para o crédito em geral, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) projeta alta nominal de 7,8% em 2015 e no próximo ano. "O orçamento de 2016 vai carregar a expectativa de um Produto Interno Bruto (PIB) negativo para o próximo ano. A inadimplência deve aumentar, mas em um processo gradativo", avaliou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em recente conversa com a imprensa. Até novembro, segundo dados do Banco Central, o crédito cresceu 7,4% ante um ano, totalizando R$ 3,177 trilhões. A expectativa é de alta de 7% neste ano, contra projeção de 9% no início de 2015. Caminha, assim, para renovar o menor patamar de alta em mais de uma década, conforme a base histórica do regulador. No ano passado, avançou 11,3%. Já a inadimplência, levando em conta atrasos superiores a 90 dias, fechou o mês passado em 3,3%, contra indicador de 3,2% em outubro e 2,8% no mesmo período do ano passado. "Nesse ano, houve desaceleração um pouco mais rápida do crédito, o que é normal, uma vez que a demanda em 2015 foi menor, impactada pela postergação de decisões por parte de muitos participantes", avaliou Murilo Portugal, presidente da Febraban, em recente entrevista à imprensa. "Os bancos também adotaram um cuidado adicional na hora de liberar recursos, em um esforço de avaliar com mais cautela os riscos nas operações", acrescentou.A postura cautelosa para emprestar será mantida em 2016. Depois de priorizarem os segmentos de menor risco, os grandes bancos restringiram os empréstimos para a compra da casa própria, via elevação de juros e exigência de maior entrada, e reforçaram a negociação de créditos em atraso. Até mesmo os adimplentes entraram na mira, em um esforço dessas instituições para evitar uma piora ainda mais acentuada dos calotes, uma vez que há impacto da Lava Jato no âmbito empresarial e do ambiente macroeconômico, que tem se refletido no orçamento das famílias.

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