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domingo, 1 de novembro de 2015

No Brasil, uma pessoa morre a cada dois minutos por doenças ligadas ao sedentarismo

Foto: Divulgação
Sempre que perguntam se você pratica atividade física, você responde que o futebol com os amigos é o melhor caminho? Se engana quem pensa que o ‘baba’ de domingo pode ser considerado como atividade física benéfica. Os atletas de fim de semana são o retrato de um país em que só 30% da população é fisicamente ativa e apenas 2% a 5% fazem exercícios em volume considerado ideal. 

De acordo com o médico Victor Matsudo, consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para atividade física e coordenador da Rede de Atividade Física da América Latina, no Brasil, 300 mil pessoas morrem por ano de doenças associadas diretamente ao sedentarismo “Uma a cada dois minutos”, diz. No mundo, afirma ele, são 5,3 milhões de mortes por ano. 

Para se ter uma comparação, ele observa que o vírus ebola matou cerca de 16 mil pessoas em 18 meses. “De ontem para hoje, 154 mil pessoas no mundo morreram dessas doenças, principalmente as do coração. O sedentarismo é o fator de risco isolado, mas prevalente. A comunidade médica e científica demorou muito para acordar para o problema”, afirma o médico.

Fazendo coro a Matsudo, especialistas compartilham a preocupação, e destacam que o sedentarismo está ligado ao estilo de vida moderna, em que tudo pode ser feito a um clique. “O sedentarismo é hoje o maior problema de saúde pública do país, o maior fator de risco isolado. É epidêmico e não recebe a devida atenção. Está na origem de uma série de doenças evitáveis”, explica o professor de cardiologia da UFRJ Claudio Gil Araújo, um dos maiores especialistas do país em medicina do esporte e do exercício.

A dose semanal mínima de exercício necessária, segundo Araújo, é de 75 minutos de atividade intensa ou 150 minutos de moderada. Ele conta também que o estado do sedentarismo deve ser ainda mais grave do que o oficial, já que os dados vêm da pesquisa nacional Vigitel - baseada em autodeclaração e feita apenas nas capitais. Ou seja, nem todo mundo que se declara ativo de fato é. E aí voltamos aos atletas de fim de semana, aquelas pessoas que fazem exercício uma vez a cada sete dias e se consideram ativas.

Para Igor Lucas Gomes-Santos, fisiologista da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, o exercício esporádico pode ser muito perigoso. “Jogar futebol durante três horas, uma vez por semana, é pior do que não fazer nada. Isso gera estresse oxidativo nas células, um processo que deflagra inflamação e desequilíbrio no organismo. Se você faz atividade até por menos tempo de uma vez, mas com regularidade, seu corpo é vacinado pelo exercício. Ele gera doses pequenas de estresse e essas levam a adaptações benéficas, ativam mecanismos protetores”, justifica. BN

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