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Um medicamento que promete impedir significativamente o avanço do câncer de pâncreas foi aprovado pelos Estados Unidos.
A doença é um dos tipos de câncer mais letais entre os brasileiros.
Aprovado no final de outubro pelo órgão que controla os medicamentos nos Estados Unidos (FDA), o remédio deve começar a ser vendido nas próximas semanas.
No Brasil, ainda não há prazo para o medicamento entrar nas prateleiras, já que a substância ainda não foi encaminhada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Testes no Brasil
Iniciados há mais de uma década, os estudos foram comandados pela Merrimack Pharmaceuticals, localizada em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts.
A empresa buscou parceiros em todo o mundo para testar a droga, entre eles Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Testado em cerca de 800 pacientes, o medicamento apresentou resultados animadores.
Em um período de 12 semanas, por exemplo, 57% dos pacientes que foram tratados com a nova combinação estavam vivos e apresentavam melhora, contra apenas 26% dos que receberam somente o medicamento tradicional.
O chefe do Serviço de Oncologia do HCPA, Gilberto Schwartsmann, é um dos autores do estudo que serviu de base para a aprovação da droga.
Ele explica que ela representa uma maneira “mais inteligente” de usar a quimioterapia, que utiliza nanotecnologia. Batizado cientificamente de MM-398, o medicamento será chamado de Onivyde no comércio americano.
A droga foi desenvolvida para romper com uma “barreira celular” formada pelo tumor cancerígeno no pâncreas.
Conforme Schwartsmann, a doença estimula a formação de células fibrosas em volta do tumor, que funcionam como uma parede para a quimioterapia.
“O medicamento entra no tumor, mas com dificuldade por causa dessa barreira. Por isso esse tipo de câncer é difícil de tratar”, explica.
Para que o medicamento ultrapasse essa barreira com facilidade, os cientistas utilizaram da nanotecnologia para inserir a quimioterapia comum dentro de um lipossoma (uma gota com gordura junto).
Assim, dentro dessa bolinha, foram colocados 80 mil partículas de irinotecano, medicamento comumente usado em pacientes com câncer de pâncreas.
Estando dentro dessa esfera, o medicamento entra na circulação de forma injetável, como a quimioterapia comum, mas só é liberado próximo do tumor.
Isso acontece porque, dentro da bolinha de gordura, o medicamento só é liberado por células do sistema imunológico que ficam próximas ao câncer.
Essas células “comem” as esferas, atravessam a barreira ao redor do tumor e liberam o medicamento sobre a doença, como se fossem “emissárias” da quimioterapia.
Além de ser uma forma de ultrapassar a barreira, o lipossoma tem a vantagem de carregar dentro dele uma quantidade enorme de irinotecano.
Outros tipos de câncer
Por questões éticas, o novo medicamento foi testado em pacientes em que a quimioterapia comum não teve efeito, e não como um tratamento inicial.
Agora, Schwartsmann explica que devem iniciar os testes com a droga no início da luta contra o câncer de pâncreas. Além disso, pode ser estudado em outros tipos de câncer, como de intestino e pulmão.
A pesquisa sobre o medicamento foi aprovada para publicação pela revista The Lancet, uma das mais respeitadas da ciência. Com informações do Zero Hora
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