Brasília - Na tentativa de demover o relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), de propor um corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, o governo decidiu partir para uma "batalha de números". A intenção é mostrar que, neste momento de forte crise econômica, a "tesourada" no principal programa social reduziria em 2,9 milhões o número beneficiários no Estado de São Paulo, que seria o mais afetado pela redução das verbas.
Em todo o País, 23,2 milhões dos 47,8 milhões de beneficiários seriam excluídos do programa, diz o governo. O corte também retiraria 250,7 mil crianças e jovens das escolas no próximo ano, afirma o governo. Nas simulações feitas pelo Ministério do Desenvolvimento Social, o Estado comandado pelo governado paulista Geraldo Alckmin (PSDB) seria a unidade com a maior evasão: cerca de 61% dos quase 5 milhões de beneficiários do programa em São Paulo teriam de ser desligados.
O Paraná, Estado do relator e comandado pelo também tucano Beto Richa, é o que mais perderia beneficiários em termos proporcionais: 75% do 1,4 milhão de pessoas contempladas sairiam do programa social.
A oposição também tem se posicionado contra o corte no programa. No Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO) já manifestou restrições à "tesourada".
Nas simulações, o critério do ministério para fazer o corte atinge inicialmente as famílias beneficiárias que trabalham e têm maior renda dentro do programa e, depois, aquelas que só contam com o Bolsa Família como fonte de renda. Por essa razão, São Paulo encabeça a lista, seguido por Minas Gerais e Bahia. Por outro lado, Estados mais pobres, como Piauí e Maranhão, teriam o menor corte proporcional, abaixo de 30% do total de beneficiários.
"É um contrassenso", afirmou o secretário de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Helmut Schwarzer. "Num momento como este, os beneficiários precisam de políticas que sejam um colchão, que amorteçam o impacto social e não que aprofundem as dificuldades", disse.
Segundo o secretário responsável por administrar o programa, pelas projeções, 7,9 milhões de pessoas entrariam na pobreza extrema com o corte, das quais 764 mil só em São Paulo. O governo conta com a divulgação dessa "fotografia" do Bolsa Família para convencer os parlamentares a não mexer no programa. Leia mais em: http://zip.net/bhslF9
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