Os cientistas estão a um passo de criar uma vacina que oferece proteção contra qualquer tipo de gripe, ao longo da vida.
A “vacina universal” é o maior esforço de imunização contra a gripe, um vírus que muda de forma e mata até meio milhão de pessoas anualmente. Agora, duas equipes independentes dizem ter encontrado uma maneira de criar a vacina usando uma técnica que tem como alvo uma parte estável do vírus da gripe. Fonte: Daily Mail
As vacinas antigripais existentes direcionam-se a uma parte do vírus que se transforma constantemente, obrigando os fabricantes de medicamentos e as autoridades de saúde a inventarem novos coquetéis todos os anos. Nos dois estudos, publicados nas revistas Nature e Science, os pesquisadores testaram novas vacinas em ratos, furões e macacos, duplicando outra parte do vírus, mais estável.
Os cientistas sabem há muito tempo que a haste da hemaglutinina – uma proteína conhecida como HA, presente na superfície do vírus – permanece praticamente a mesma, mesmo quando há alterações na ponta do vírus. Mas até agora eles não foram capazes de usar o tronco para provocar uma reação imunitária nos animais de laboratório ou humanos, para neutralizar o vírus ou permitir que o corpo ataque e destrua as células infectadas.
Em 2008, os cientistas descobriram em seres humanos anticorpos incomuns, que se ligam ao tronco de HA em muitos tipos diferentes de gripe. Os últimos dois estudos basearam-se nessa pesquisa. Uma equipe liderada por Hadi Yassine, do Centro de Pesquisa de Vacinas nos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, enxertou a proteína de uma nanopartícula chamada ferritina em um tronco de HA sem ponta.
O passo seguinte foi imunizar camundongos e furões, depois injetá-los com o H5N1 – gripe aviária –, que tem uma taxa de mortalidade de mais de 50% entre as pessoas, mas não é muito contagiosa. Os pesquisadores descobriram que os ratos foram completamente protegidos contra a gripe.
A maioria dos furões, que é a espécie que melhor prediz o sucesso de vacinas contra a gripe em seres humanos, não adoeceu tanto. Quando um novo lote de camundongos recebeu anticorpos de roedores que haviam sobrevivido à rodada anterior, a maioria deles também sobreviveu ao que deveria ter sido uma dose letal de gripe.
O outro estudo, liderado por Antonietta Impagliazzo, do Instituto de Vacinas Crucell, em Leiden, na Holanda, teve uma abordagem semelhante, também utilizando a criação de uma vacina de HA que provou ser eficaz em camundongos. Nos macacos, a vacina provocou um nível elevado de anticorpos e reduziu significativamente a febre e a infecção com o vírus H1N1, que é muito menos letal do que a gripe aviária, mas altamente contagiosa.
Outros cientistas não envolvidos nos estudos descreveram as descobertas como um passo importante para uma vacina universal. No entanto, eles alertaram que muito trabalho tem de ser feito, possivelmente ao longo de muitos anos, antes que uma vacina possa ser testada em seres humanos. “Esse é um desenvolvimento interessante, mas as novas vacinas precisam ser testadas em ensaios clínicos para ver se funcionam bem em seres humanos”, disse Sara Gilbert, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, acrescentando que vai levar anos para chegar a esse ponto.
“Se esse tipo de imunidade pode ser provocada, então, em teoria, uma pessoa vacinada poderia ser protegida contra qualquer vírus da gripe, incluindo vírus que ainda possam surgir de reservatórios de aves ou mamíferos", disse David Morens, conselheiro sênior do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, nos Institutos Nacionais de Saúde. Fonte: Daily Mail Foto: Reprodução / Varginha GOV
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