Opinião: por Samuel Celestino
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
A ex-candidata a presidente Marina Silva disse que “a ambição do poder pelo poder levou o país ao fundo do poço”. Nada como uma frase bem posta. A presidente Dilma Rousseff está a negociar com o PMDB o Ministério da Saúde, e mais duas outras pastas, na reforma administrativa que deve anunciar, em troca de apoios parlamentares não somente para a manutenção dos seus vetos, o que ocorreu numa sessão conjunta do Congresso (Senado e Câmara) que acabou na madrugada desta quarta-feira (23). A permanência dos vetos era necessária. Os projetos saíram da Câmara na chamada “pauta bomba” absolutamente inaceitável num momento em que o país está mergulhado no abismo. A questão é que a negociação foi encaminhada com o PMDB quando o partido dissera, através das vozes de Michel Temer, de Renan Calheiros e Eduardo Cunha, os dois últimos presidentes do Senado e da Câmara, que ficaria de fora da reforma ministerial. Ao aceitar o toma-lá-dá-cá, o partido agiu como sempre costuma a fazer: usar o poder pelo poder. Fechou questão engessou seus deputados, manteve 26 vetos feitos pela presidente e seis outros não foram votados porque a oposição se retirou às 2h da madrugada para derrubar o quorum. Desde a morte do seu saudoso e grande maestro Ulysses Guimarães, o PMDB passou a ser um apoiador de governos, vendendo-se na primeira banca da esquina. É o que está a acontecer. Dilma foi às compras e o velho partido aceitou. A presidente ainda espera que a legenda também evite o impeachment, se isto vier a ocorrer, o que é imprevisível, mas de certo modo provável, embora só o tempo dirá. Voltamos a ser exatamente como o saudoso Ulysses costumava dizer: uma “república bananeiras”. Assim, com o país no fundo do poço e seu povo pagando o preço do desastre deu-se início a um novo processo tipo “galinha gorda”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário