Energia mais barata e incentivos fiscais fazem a Indústria Brasileira migrar para o vizinho Paraguai.
A perda de competitividade de alguns setores brasileiros nos últimos anos, reconhecida abertamente por seus empresários, e justificadas pelo alto custo de energia, e impostos no Brasil, já começam a levar importantes segmentos da indústria nacional para o Paraguai. Com Portal UOL
Edson Campagnolo, empresário que liderou uma missão de estudos da viabilidade de negócios no Paraguai, estimou que o país a mais de 20 anos, apostou em um "novo modelo" de integração econômica regional, mas deixando de fora Venezuela, Bolívia e Argentina pela "intranquilidade" na hora de fazer negócios.
Nesse sentido, Eduardo Felippo, presidente da União Industrial Paraguaia, encorajou as empresas brasileiras a transferir seu país as linhas de produção mais caras, que usam alto nível de mão de obra e energia.
"Não estamos convidando a que fechem e se mudem para cá, mas a complementar-se" com a produção no Paraguai, disse.
O país conta com um regime de incentivos tributários para estimular a implantação de fábricas que fazem a parte manual de um processo de produção, inspirado no criado pelo México para atrair fábricas americanas após a entrada em vigor do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA).
Uma das empresas que se enquadrou nessa modalidade é a multinacional japonesa Fujikura, que em dezembro de 2011 começou a produzir trancas para automóveis brasileiros em uma fábrica em Ciudad del Este.
A empresa optou por instalar-se no Paraguai e não no Brasil principalmente pela diferença de custos, disse à agência Efe Ignacio Ibarra, o presidente de suas operações na América do Sul.
Segundo Ibarra, embora a variação em salários seja pouca, os impostos, benefícios sociais e o seguro de saúde fazem com que um trabalhador no Brasil custe 96% mais à empresa que um no Paraguai.
Esse é um dos ingredientes do chamado "custo Brasil", que encarece a produção em seu território e que faz com que alguns setores sejam incapazes de competir com as importações da China.
Implantar parte da cadeia de produção no Paraguai pode ser uma via para sobreviver, segundo Campagnolo.
"Não se trata de crescer no Paraguai tirando empresas do Brasil", concordou o ministro de Indústria e Comércio paraguaio, Gustavo Leite.
Outro fator a favor do Paraguai é sua abundante energia, graças às turbinas das enormes hidrelétricas binacionais de Itaipu e Yacyretá.
Segundo cálculos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgados por Leite, no Paraguai a eletricidade é 63% mais barata que no Brasil.
Além disso, a maioria dos produtos elaborados no Paraguai pode entrar na União Europeia (UE) sem pagar tarifas, enquanto Bruxelas cancelou esse benefício aos que saem de fábricas do Brasil por considerar que esse país alcançou um nível médio de desenvolvimento.
No terreno das desvantagens do Paraguai estão seu baixo nível educativo, embora Leite tenha destacada que as empresas que ali se instalam, treinam a mão-de-obra, especializada, enquanto o país faz sua parte no fortalecimento de sua infraestrutura.
Ramón Jiménez, ministro de Obras Públicas e Comunicações do Governo Paraguaio, já iniciou licitações no valor de US$ 7,5 bilhões nos próximos quatro anos para melhora de hidrovias, estradas, do aeroporto de Assunção, redes elétricas, águas e esgoto e saneamento.Participar desses concursos é um atrativo para algumas companhias brasileiras presentes.
No país guarani há implantadas 32 empresas brasileiras, que no ano passado exportaram outra vez ao Brasil produtos por apenas US$ 208 milhões. O governo do Paraguai espera que outras companhias, que já estudam a planta industrial no país vizinho, concretizem seus projetos nos próximos dois anos. * Com Portal UOL
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